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Falta de poda e longa estiagem pode ter influenciado em novos apagões e alagamentos em SP

Queda de galhos na fiação e acúmulo de sujeira contribuem para falhas de energia; cidade teve falta de luz e quatro pontos de enchente nesta segunda (16)

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São Paulo

A primeira chuva em mais de 20 dias na cidade de São Paulo foi marcada por interrupções no fornecimento de energia, apesar de o volume de água e a velocidade do vento terem sido classificados como moderados. A capital registrou 8 mm de chuva e rajadas de vento de 36,5 km/h, segundo o CGE (Centro de Gerencimento de Emergências) da prefeitura.

São valores muito abaixo do que foi registrado em tempestades de outubro de 2023 a março desde ano, quando regiões da capital chegaram a ficar vários dias sem luz. Além da oscilação de energia, alagamentos também foram registrados em ao menos quatro locais diferentes durante a manhã.

Especialistas dizem que esses problemas estão relacionados a falhas de manutenção, tanto na poda preventiva de árvores quanto na limpeza de galerias que fazem a drenagem de água da chuva. A estiagem prolongada que antecedeu a chuva também pode ter contribuído para o apagão e as enchentes, embora não seja a principal explicação.

Emaranhado de fios de rede elétrica e comunicações na rua Cubatão, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. - Folhapress

"Quando estamos fora do período preparatório para o verão, as ações ligadas ao crescimento da vegetação acabam não sendo adequadas. As chuvas costumam ser menos intensas, é um período mais seco, então quando chove normalmente não há o mínimo de preparação com a poda das árvores", diz o engenheiro eletricista Juliano Gonçalves, chefe da divisão de cabos da Megger Brasil.

Gonçalves, que também foi gerente de cabos subterrâneos da Eletropaulo e chefiou obras de enterramento da fiação na capital, diz que a seca pode agravar problemas relacionados ao acúmulo de sujeita nos cabos elétricos. "A rede toda é coberta por fuligem, por poluição, e se ocorre uma chuva e essas partculas podem formar um caminho e causar um curto-circuito", ele explica. "Não é o motivo principal [para o apagão], mas pode contribuir."

A Enel SP, concessionária da distribuição de energia elétrica na capital, corroborou com essa explicação. "Além das chuvas e ventos moderados, a alta concentração de sedimentos na rede distribuição, em função do longo período de estiagem, também provoca alguns desligamentos com o acúmulo de água das chuvas", disse a companhia, em nota.

Diversas regiões da capital paulista amanheceram com falta de energia elétrica na manhã desta segunda-feira (16). Segundo a Enel, a chuva e os ventos que atingem a cidade causaram interrupção do fornecimento de energia para "alguns clientes".

"As regiões sul e oeste da área de concessão da companhia foram as mais afetadas", explicou a Enel, sem divulgar a quantidade de clientes impactados e os bairros.

A linha 4-amarela do metrô de São Paulo, operada pela ViaMobilidade, foi uma das impactadas pela falta de energia.

Segundo a concessionária, uma falha de energia externa ocorreu as 6h e afetou o funcionamento de equipamentos como as portas de plataforma —que precisaram de um método alternativo e um pouco mais demorado para abertura, de acordo com a concessionária.

Escadas rolantes e elevadores também ficaram parados. A companhia afirmou que equipes foram deslocadas para atuar na rede que alimenta a linha 4, que apresentou oscilação de energia.

Além disso, a capital teve quatro alagamentos pela manhã: um deles na região central, um na zona leste e dois na zona oeste. Dois deles ficaram intransitáveis para veículos.

Segundo a arquiteta e urbanista Riciane Pombo, especialista em soluções baseadas na natureza do escritório Guajava, o motivo para os alagamentos é a falta de limpeza e manutenção preventiva.

"Falta manutenção, falta infraestrutura, e falta monitoramento", diz a urbanista. "Temos grupos de pesquisa e movimentos ambientalistas que visitam com frequência essas galerias de drenagem e sempre encontram todo tipo de lixo, desde sofás até resíduos sólidos que entopem essas vias, como cimento e outros resíduos de construção."

Ela afirma que a limpeza deve ser constante, independentemente da época do ano. Diz, ainda, que a manutenção dos sistema de drenagem da água da chuva poderia ser mais barata e eficiente se deixasse de apostar em galerias subterrâneas. "Tem que haver uma mudança na forma de projetar e implementar obras. Estamos presos a uma forma que sabemos que não funciona", diz Pombo.

Questionada, a Prefeitura de São Paulo disse que realizou serviço de manutenção e limpeza de 1.942 bocas de lobo e poços de visita, com 65 toneladas de resíduos retirados, na região da Subprefeitura Pinheiros até agosto. .

"A administração regional realiza um trabalho preventivo para minimizar os riscos de enchentes na região, identificando áreas com maior incidência de alagamentos. Na manhã desta segunda (16) foram identificados pela manhã pequenos pontos de alagamento em trechos das duas vias citadas, que foram liberados em cerca de 40 minutos."

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