Um incêndio atingiu parte do prédio do Canecão, antiga casa de shows do Rio de Janeiro, na manhã desta quarta-feira (4). Ninguém ficou ferido.

O espaço em Botafogo (zona sul), que funcionou entre 1967 e 2010, está em obras desde junho. A Bônus Klefer, concessionária que assumiu o espaço, afirmou que o fogo começou em obras de demolição na parte da frente do Canecão. Funcionários cortavam uma estrutura de aço quando uma fagulha acidentalmente bateu em um recipiente de fibra, que começou a pegar fogo.

Segundo a concessionária, os bombeiros foram acionados, mas o fogo foi rapidamente controlado pelos próprios funcionários. Um painel de Ziraldo, de 1967, que decora a parte interna do Canecão não foi atingido.

O Corpo de Bombeiros do quartel do Humaitá afirma que foi acionado às 8h57 e constatou que não houve vítimas. Às 11h, equipes permaneciam no local para trabalho de rescaldo.

A Bônus Klefer afirma que o fogo não causou "nenhum impacto no cronograma previsto de reconstrução do Canecão", que tem reabertura prevista para 2026.

O espaço, contudo, não voltará como uma casa de shows para grandes nomes da música, como antigamente. A nova construção, com cinco pavimentos, terá salas de exposição, restaurantes e uma sala para shows, concertos e peças, com capacidade para até 6.000 pessoas. Nos últimos anos, a lotação máxima do Canecão era de 3.000.

A obra prevê demolição total da estrutura que sobrou do Canecão e está estimada em R$ 170 milhões.

Também está no projeto do novo Canecão a abertura de um bosque de 5.000 m² e área de livre circulação para frequentadores e moradores, antes e após os espetáculos.

A concessionária também se comprometeu a restaurar o painel de Ziraldo, hoje em ruínas. A obra, conhecida como "Última Ceia", tem seis metros de altura por 32 metros de largura e foi feita no salão do Canecão quando este ainda era uma cervejaria. São animais, pessoas e personagens do próprio Ziraldo bebendo chope.

A reforma é o desenlace de uma disputa judicial que terminou com o encerramento das atividades do estabelecimento.

A disputa se dava entre a antiga administração do Canecão, do empresário Mario Priolli, e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), dona do terreno em Botafogo. Em 1992, a UFRJ cedeu à administração do Canecão o uso do imóvel por cinco anos. A universidade tentou retomar o bem em 1997, mas não conseguiu e brigou durante 13 anos na Justiça.

Em 2010, a Justiça Federal decidiu que a universidade deveria assumir o terreno, e o Canecão fechou. Tentativas frustradas de reabertura ocorreram na última década.

Em fevereiro de 2023, o consórcio formado pelas empresas Bônus Track, responsável por trazer o show da Madonna para o Rio, e Klefer venceram a WTorre na licitação, que deu direito à administração do Canecão por 30 anos.