Siga a folha

Mais 3 pesquisadores ligados à Capes renunciam e aumentam debandada

Em carta, eles dizem ter 'sérias dúvidas' de que avaliação da pós-graduação será realizada em 2022

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Um novo grupo de coordenadores e pesquisadores renunciou nesta semana às atividades relacionadas à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A nova debandada amplia ainda mais a crise no órgão durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Todos os três coordenadores da área Ciências Agrárias I entregaram na quarta-feira (2) uma carta renunciando aos seus cargos. Assinam a carta o coordenador da área Ciências Agrárias I Luiz Carlos Federizzi, o coordenador adjunto de programas acadêmicos Fábio Lopes Olivares e o coordenador de programas profissionais Geraldo José Silva Junior.

Seguindo a renúncia, a Capes convocou em um intervalo de dois dias uma reunião de seu conselho superior, que foi realizada nesta sexta-feira (4) e efetivou a escolha de um novo coordenador para a área. Pesquisadores apontam que a escolha do novo coordenador desrespeitou os ritos previstos na legislação.

A Capes, por sua vez, argumenta que não houve "qualquer irregularidade na indicação de integrantes da área de avaliação".

Cláudia Queda de Toledo, presidente da Capes, em entrevista em dezembro do ano passado em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

A movimentação mais recente é a sexta renúncia coletiva em áreas de avaliação da Capes. Já houve debandada nas áreas de Química, Engenharia 3, Zootecnica/ Recursos pesqueiros, Matemática/Probabilidade e Estatística, e Astronomia/Física. No total, já chega perto de 150 os pesquisadores que se desligaram de suas funções na Capes, com críticas à presidente do órgão, Claudia Mansani Queda de Toledo.

A carta com as renúncias mais recentes cita novamente as críticas anteriores, sobretudo a postura do órgão para tentar reverter decisão judicial que interrompeu a avaliação da pós-graduação. A avaliação quadrienal da pós-graduação, mestrados e doutorados, relativa ao período de 2017 e 2020, foi suspensa em setembro por decisão judicial e foi o estopim para as primeiras renúncias.

A Justiça depois autorizou a retomada. Os pesquisadores e coordenadores, no entanto, criticam a postura da direção da Capes no processo. A carta dos coordenadores da área de Ciências Agrárias I cita que, em nome da segurança jurídica do processo, está se estabelecendo uma "completa insegurança acadêmica".

"Temos sérias dúvidas que a avaliação será realizada em 2022, mesmo que sendo realizada, estará sujeita a judicialização e a um número interminável de recursos, que serão julgados fora da área de Ciências Agrárias I e sem a qualidade que a área requer", afirma o texto.

A Capes buscou dar um caráter de normalidade à mudança. Em nota enviada à Folha, o órgão ressaltou que um novo coordenador já foi escolhido nesta sexta (4) e agradeceu o serviço prestado pelo antecessor, ignorando que a renúncia se deu por divergências internas.

"O Conselho Superior da CAPES aprovou nesta sexta-feira, 4 de fevereiro, a designação de Moacir Pasqual como coordenador da área de avaliação de Ciências Agrárias I. Seu nome foi o mais votado pela comunidade acadêmica e científica em 2017 e, com o aval, será oficializada em portaria no Diário Oficial da União", afirma o texto.

A própria presidente da Capes na nota manifesta apreço pelo fato de o professor ter aceito a função.

"Fiquei emocionada com a pronta disponibilidade do professor Moacir Pasqual em assumir uma coordenação de área com a Avaliação Quadrienal 2017-2020 em andamento", disse.

Fontes no órgão, no entanto, apontam que a escolha se deu de forma atropelada e sem respeitar os ritos formais. A carta de renúncia foi enviada na quarta-feira (2) e, no mesmo dia, o órgão convocou uma reunião do seu conselho superior. A reunião, que efetivou a escolha, se deu dois dias depois, nesta sextA (4).

Além disso, coordenadores da Capes afirmam sob reserva que a escolha desrespeitou o processo de escolha. Citam que o estatuto do órgão prevê no processo de escolha dos coordenadores que as associações e sociedades científicas e de pós-graduação poderão apresentar listas com até cinco nomes para a eleição.

A Capes, por sua vez, afirma que não houve irregularidades. Argumenta que a legislação não trata do formato da escolha de substitutos para o caso de renúncias.

"A Capes esclarece que não há qualquer irregularidade na indicação de integrantes das Áreas de Avaliação. A legislação vigente não trata do preenchimento de vagas de coordenadores que renunciam à função. Desta forma, cabe à Presidência da Capes decidir sobre o assunto", afirma nota do órgão.

"Considerando a urgência da substituição, tendo em vista o andamento da Avaliação Quadrienal, optou-se por aproveitar a eleição anterior, respeitando a legitimidade da indicação da academia e, ao mesmo tempo, conferindo celeridade ao processo", completa o texto.

A nota ainda reforça que o escolhido havia sido o mais votado no processo de escolha para avaliação quadrienal 2017-2020 na área. E que "nada impede que ele assuma a coordenação no momento". Também acrescenta que seu nome foi confirmado pelo conselho superior da Capes.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas