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Mariana Mandelli

Desinformação na saúde vai muito além de campanhas antivacina

Vídeos com atores interpretando médicos são um exemplo de como anticiência se espalha nas redes

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Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta

Uma reportagem publicada neste mês revelou uma série de vídeos onde atores e atrizes interpretam especialistas em saúde para vender produtos com promessas de tratamento e cura milagrosos. Segundo a denúncia do portal G1, as imagens não avisam a audiência de que se trata de uma interpretação e também omitem o fato de os medicamentos não terem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O Ministério Público de São Paulo está investigando o caso.

Vacina do sarampo nunca causou autismo - Jorge Cosme

Mitos sobre a saúde humana sempre existiram. Quase todo mundo conhece ao menos uma crendice para aliviar os sintomas de resfriados e cólicas, ou alguma receita infalível de família para perder peso rapidamente, mesmo que seus efeitos sejam inócuos ou mesmo inexistentes.

Hoje, porém, o contexto de hiperinformação em que estamos inseridos amplificou exponencialmente o volume de mensagens sem nenhuma comprovação científica, com muito mais gente lucrando com elas. Ao passo em que o alcance é imensurável, o estrago também pode ser, pois não é exagero afirmar que o charlatanismo na área médica pode adoecer, agravar sintomas pré-existentes e, em última instância, até matar.

Somada à falta de controle sobre esse tipo de conteúdo que inunda as mídias sociais, há o baixo letramento científico de sociedades como a nossa. Tendemos a evitar e a ignorar aquilo que não compreendemos, apelando para soluções fáceis e falsamente didáticas — exatamente o que uma infinidade de vídeos e posts de anônimos e alguns influenciadores oferecem. Desconfiamos da ciência em prol de discursos simplórios e que entregam aquilo que esperamos: caminhos e resultados para problemas aparentemente insolúveis, como é o caso de uma doença incurável e grave.

A pandemia de Covid-19 foi um claro exemplo dessa equação maléfica que une a desinformação e a falta de conhecimento científico. Muita gente com a carteirinha de vacinação praticamente completa passou a ter dúvidas sobre o processo de imunização contra o coronavírus. A busca por respostas para essas perguntas muitas vezes encontrou argumentos mentirosos em postagens patrocinadas pelo movimento antivacina, que há anos divulga narrativas conspiratórias e negacionistas.

Enquanto não há normas que coíbam e punam a publicação e a monetização de conteúdos que ameaçam a saúde individual e coletiva, é preciso estar alerta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem algumas orientações básicas que demandam senso crítico e educação midiática para navegar com segurança nas redes. Entre elas, estão questionar as informações sobre enfermidades e tratamentos que encontramos na internet com perguntas como: Este conteúdo é confiável? Quem é o autor (a)? Como me sinto em relação a esta informação?

A desinformação na saúde onera o sistema público, deslegitima políticas públicas, ataca a medicina e a ciência como um todo e traz sérios riscos para o bem-estar pessoal e social. Desconfiar de supostos remédios e vitaminas milagrosos vendidos em publicidades questionáveis é proteger a si mesmo. Se até o ditado popular afirma que quando as oportunidades são demasiadamente boas, até os santos desconfiam, por que nós também não podemos duvidar delas?

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