Livro de 1981 não previu o novo coronavírus, como circula nas redes sociais
Obra 'The Eyes of Darkness', de Dean Koontz, é citada de forma errada na internet
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É falsa a informação de que o escritor norte-americano Dean Koontz previu em livro de 1981 a pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 9.500 pessoas no mundo até esta quinta-feira (19).
Desde o agravamento da crise provocada pelo patógeno, circulam nas redes sociais imagens e trechos da obra de ficção “The Eyes of Darkness” (Os Olhos das Trevas), publicada por Koontz e que descreve uma arma biológica chamada Wuhan-400, desenvolvida em laboratórios localizados perto da cidade chinesa de Wuhan, epicentro original da atual pandemia.
“É um golpe chinês para descapitalizar [o mercado]”, diz um homem em um dos vídeos que viralizou nas redes sociais nas últimas semanas.
No entanto, na primeira versão da obra, publicada em 1981, o nome original da “arma perfeita” desenvolvida em laboratório é Gorki-400, referência a uma cidade russa, hoje chamada Níjni Novgorod. O nome mudou para Wuhan-400 no final dos anos 80, no contexto do fim da Guerra Fria (1947-1991).
Em entrevista ao South China Morning Post, a cofundadora da livraria independente Bleak House Books e estudante de história russa, Jenny Smith, afirmou que, após a entrada de Mikhail Gorbachev no governo russo, em 1985, as relações do país com os Estados Unidos começaram a melhorar. Por isso, foi criada na obra “The Eyes of Darkness” um novo vilão.
Segundo publicações que circulam nas redes, o livro traria ainda a informação de que uma doença grave, que ataca os pulmões e resiste a qualquer tratamento, se espalhará pelo mundo por volta do ano 2020. Isso não corresponde à realidade. O trecho sobre 2020 não aparece em nenhuma das versões da obra de Koontz.
Outra diferença entre a ficção e realidade é tempo de incubação do vírus, de quatro horas no livro e de 3 a 8 dias no mundo real. Já a taxa de letalidade, de 100% na ficção, é bem distante da Covid-19. Na semana passada, a média mundial era de 3,7%.
Também é importante frisar que na obra de ficção o Wuhan-400 é uma arma biológica, enquanto não há qualquer indício de que o novo coronavírus tenha surgido como tal.
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