O silêncio de um bamba
Edgar dos Santos tinha 66 anos e, por mensagem, despediu-se dos amigos e os alertou para que ficassem em casa
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Do leito de um hospital na Zona Sul do Rio, o economista Edgar dos Santos, 66 anos, avisou aos amigos: “sou mais um na estatística do coronavírus”. A mensagem, via WhatsApp, trazia ainda uma foto e uma advertência:
"Cuidem-se. Não vão na onda do Bolsonaro. A coisa é séria. Não é um ‘resfriadinho'. Fiquem em casa!”. Internado na sexta-feira (27) com pneumonia e suspeita de Covid-19, ele morreu dois dias depois, domingo (29). O resultado do exame com a confirmação da doença ocorreu na quinta-feira (2).
Foi o silêncio de um bamba. Funcionário do Banco do Brasil, agência do Catete, Edgar tinha, segundo o jornalista Luiz Carlos Azedo, “uma atividade muito participativa em termos políticos”, tendo participado do movimento estudantil da década de 70 e da reorganização da UNE (União Nacional dos Estudantes).
"Mas era sobretudo um amante da cultura. "Tocava clarinete, cuíca, pandeiro, era capoeirista, praticava tai chi chuan e era fisioterapeuta formado, atividade que desenvolvia paralelamente à atividade do Banco do Brasil".
Amante da poesia e do samba, organizava saraus, participava de rodas de samba, chorinho e de blocos carnavalescos, como o “Larga a Onça, Alfredo!”.
“Tinha uma militância cultural muito intensa”, acrescenta Azedo, contemporâneo do curso de Economia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Segundo relato de amigos, Edgar estava bem na sexta-feira (13), quando completou 66 anos, data comemorada ao lado da namorada.
Na segunda-feira (16), com gripe, foi afastado do trabalho por uma semana. Na sexta-feira (27), seu quadro agravou e Edgar foi internado com insuficiência respiratória.
Amigos não informaram se ele deixou filhos ou tinha doença pré-existente.
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