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Assessor de Bolsonaro usa dado desatualizado para insinuar fraude em óbitos pela Covid-19

Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, publicou tuíte dois dias após o registro ter sido alterado

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São Paulo

Uma publicação feita no Twitter por Arthur Weintraub, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, usou informações desatualizadas para insinuar uma fraude no registro de óbitos causados pela Covid-19. Ele contestou o fato de uma morte por acidente de trânsito em Paulistana, no Piauí, ter entrado no painel epidemiológico do estado como morte causada pelo novo coronavírus.

A postagem de Weintraub, verificada pelo Comprova, foi feita, no entanto, dois dias depois de o registro do óbito ter sido alterado. A Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Paulistana, a Secretaria do Estado de Saúde do Piauí e o Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) concordaram em colocar a morte nas estatísticas de acidentes de trânsito após a repercussão que a nota teve nas redes sociais. A última atualização da cidade de Paulistana no painel epidemiológico do Piauí mostra 62 pessoas contaminadas com a Covid-19, sem nenhuma morte.

Arthur Weintraub, assessor especial da Presidência que publicou tuíte insinuando fraudes nos registros de mortes pela Covid-19 - Pedro Ladeira - 9.abr.2019/Folhapress

“Ele entrou no sistema como óbito por Covid, mas foi retirado depois de um entendimento entre o Cievs e a Secretaria Municipal de Saúde, já que a causa mortis base foi traumatismo. A Covid foi apenas um agravante do quadro clínico”, explicou a assessoria da Secretaria Estadual.

O protocolo do Ministério da Saúde, editado pelo próprio governo federal, determina que a Covid-19 conste na declaração de óbito, mesmo que a doença não tenha sido a causa principal da morte.

O Comprova fez diversas tentativas de contato com Arthur Weintraub. O assessor da Presidência, no entanto, não respondeu até o fechamento deste texto.

Verificação

Em sua terceira fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais sobre políticas públicas do governo federal e a pandemia. É o caso da publicação sobre o registro de mortes pela doença feita por Arthur Weintraub. A postagem no Twitter teve 7,5 mil curtidas e 2,5 mil compartilhamentos e comentários e também foi reproduzida no Facebook, com viralização menor.

Verificar publicações sobre o novo coronavírus é ainda mais importante porque informações equivocadas podem levar as pessoas a colocarem as próprias vidas em risco ao relaxar medidas de prevenção eficazes recomendadas por autoridades de saúde, como o distanciamento social e a higienização das mãos. Desde o início da pandemia, o Brasil já registrou mais 110 mil mortes e 3,4 milhões de infectados pelo Sars-Cov-2.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado de forma a induzir a uma interpretação diferente ou que confunde com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

O Comprova fez esta verificação baseado em dados oficiais sobre o novo coronavírus disponíveis no dia 20 de agosto de 2020.

A investigação desse conteúdo foi feita por UOL, Jornal do Commercio e Nexo e publicada na quinta-feira (20) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus e políticas públicas. Foi verificada por Folha, BandNews, SBT, Estadão e Piauí.

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