Alemanha suspende vacina de Oxford para pessoas com até 59 anos
Decisão foi tomada nesta terça (30), após novos relatos de acidentes vasculares 'raros, mas graves'; agência regulatória diz que benefícios superam riscos
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Os governos federal e estaduais da Alemanha decidiram aplicar a vacina contra Covid-19 de Oxford/AstraZeneca apenas em pessoas com 60 anos ou mais.
A decisão foi tomada na noite desta terça (30), depois de recomendação da comissão que assessora o governo alemão sobre vacinas (Stiko).
De acordo com o texto, pessoas com até 59 anos podem tomar a vacina, mas com recomendação médica e “por sua própria conta”.
Ao longo do dia, o uso da vacina em pessoas mais jovens já havia sido suspenso nos estados de Berlim, Brandemburgo, Renânia do Norte-Vestália e na cidade de Munique, após o registro de novos casos de acidentes vasculares "raros, mas graves" em pessoas que tomaram a vacina da AstraZeneca.
Episódios semelhantes já haviam sido examinados pela agência regulatória europeia (EMA), que não encontrou provas de que as vacinas fossem a causa do problema e recomendou que elas continuassem sendo usadas, porque os benefícios superam os riscos.
Após o endosso da EMA, 19 de 21 países que haviam interrompido o uso do imunizante voltaram a aplicá-lo —a Alemanha se junta agora a outros 3 que impuseram uma idade mínima: Finlândia, Suécia e França. Dinamarca e Noruega ainda mantêm a suspensão enquanto estudam os efeitos colaterais do produto.
Em entrevista após o anúncio alemão, a premiê Angela Merkel afirmou que os casos suspeitos de efeito colateral precisavam ser levados a sério e não poderiam ser "varridos para debaixo do tapete”.
O ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou que a vacina da AstraZeneca é “muito eficaz” e continuará sendo usada em maiores de 60 anos, que terão sua vez antecipada —no momento, o país está vacinando maiores de 70 anos.
Spahn disse, porém, que lamentava que o imunizante “aparentemente apresente um risco elevado para uma determinada faixa etária” —embora os casos relatados sejam muito raros em comparação com o número de vacinados, segundo a EMA.
A principal agência de vacinação da Alemanha, o Instituto Paul Ehrlich, relatou 31 casos de um raro coágulo de sangue no cérebro entre 2,3 milhões de pessoas que receberam a vacina AstraZeneca. Nove deles morreram.
Todos, exceto dois dos 31 casos, foram relatados em mulheres com idades entre 20 e 63 anos. Os dois homens tinham 36 e 57 anos. Embora o número de casos entre mulheres seja mais alto, a suspensão atinge também os homens.
A Stiko deve decidir nas próximas semanas como fica o caso de quem já recebeu a primeira dose da vacina e tem até 59 anos. Uma opção é que a segunda dose seja dada com outro imunizante.
Segundo a AstraZeneca, o produto é recomendado por autoridades de saúde do Reino Unido e da OMS (Organização Mundial de Saúde), além da EMA, para todas as faixas etárias.
A empresa afirmou que continua suas pesquisas para entender se há relação entre os coágulos raros e o imunizante.
No Brasil, onde a vacina da AstraZeneca é o principal imunizante do governo federal, os eventos adversos considerados graves registrados no primeiro mês de campanha de vacinação representam 0,007% das doses aplicadas no período, segundo relatório divulgado pelo Ministério da Saúde. Até agora não há confirmação de que eles tenham relação com os imunizantes.
A grande maioria é de efeitos sem gravidade, como dor de cabeça, dor em geral e dor muscular (mialgia), além de febre, náusea e diarreia. Segundo o presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, por se tratar de vacinas em uso há pouco tempo, é preciso investigar os casos de maneira cuidadosa, mas nunca houve associação de eventos tromboembólicos com vacinas.
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