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Velocidade

Efeitos do acidente não alteraram ar de tranquilidade do rosto de Lauda

Na pista mesmo, ele deixava exemplos fartos de seu apego à naturalidade

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Niki Lauda foi um encantado com o Brasil —geograficamente falando, claro. Ao deixar a F-1, licenciou-se como piloto de linhas aéreas e criou a LaudaAir, companhia voltada para turismo internacional.

Como um dos pilotos, vinha com frequência às duas cidades de um programa permanente de excursões: Rio e Fortaleza. Hospedava-se no carioca Sheraton, meu vizinho, sempre de janelão voltado para o mar largo, Ipanema, Leblon. Nesses dias, era comum vê-lo em almoço no Antiquarius, de uma comida gloriosa que não resistiu ao devorador governo Temer.

Bem, apesar da indiscrição, é preciso (ou justo) dizer que não só as graças geográficas atraíam Lauda. Estava sempre acompanhado nos almoços. Da mesma pessoa. Uma moça discreta, de beleza brasileira, cearense. Lauda não fazia pose de Niki Lauda. Afável com quem o abordasse, bem-humorado e muito franco nas opiniões.

As marcas em seu rosto o deformaram mais como reação ao passar dos anos do que ao acidente de 1976. Duplo acidente, aliás, um na batida e incêndio da Ferrari, outro no socorro. Deste segundo é que vieram as alterações faciais: na ansiedade de socorrê-lo, os pilotos que o soltaram das ferragens se precipitaram ao tirar a balaclava, capuz que protege do fogo por alguns minutos. Pele e pedaços de substância saíram na balaclava. Em seu tempo de vindas frequentes ao Rio, o rosto guardava muito dos traços originais, um rosto com algumas cicatrizes e nada de mais.

Na mocidade ou no envelhecimento, os efeitos do acidente não alteraram o ar de tranquilidade que o rosto de Lauda exibia no ambiente da afoiteza, da concorrência árdua, do conflito audácias versus temores.

Na pista mesmo, deixava exemplos fartos de seu apego à naturalidade. Certa vez, depois de um GP da Holanda, Lauda disse que a corrida fora muito chata, pela monotonia: "Eu só me divertia quando ficava olhando uma moça bonita e muito animada com a passagem da minha Ferrari".

Niki Lauda, na pista, um clássico. Na vida, uma pessoa.

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