Em união improvável, pivô vira queridinho no Los Angeles Lakers
Antes odiado por torcida, Dwight Howard se torna peça importante no líder da NBA
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O resgate de Dwight Howard parece inacreditável até para os padrões de Hollywood. De alguma maneira, no entanto, o jogador mais odiado pelos torcedores do Los Angeles Lakers na década agora veste roxo e amarelo, cumpre com louvor o seu papel e é ovacionado por aqueles que antes celebravam seus fracassos.
Muita coisa teve que acontecer para que se chegasse a esse ponto, no início da temporada 2019/20. Nenhum time da NBA tem uma campanha melhor do que a dos Lakers até agora, e o retrospecto com seis vitórias e uma derrota tem bastante a ver com a produção do pivô de 33 anos.
Howard faz tudo aquilo que se recusou a entregar em sua primeira passagem pela equipe, em 2012/13. Sem a ilusão de que será o ponto focal do ataque, tem sido uma peça importante na engrenagem ofensiva, com corta-luzes firmes e rebotes ofensivos. Do outro lado da quadra, mostra por que foi eleito três vezes o melhor atleta de defesa da liga.
“Sou simplesmente grato. Eu e os torcedores passamos por coisas juntos, mas só estar aqui, de volta, significa muito. Então, estou absorvendo tudo. Cada segundo, cada momento na quadra é valioso. E os torcedores gostam quando nós vamos lá e colocamos tudo na quadra”, afirmou o jogador.
No mesmo Staples Center onde agora é aplaudido pela dedicação, Dwight já foi bastante vaiado. Tudo remonta à temporada anterior que ele passara em Los Angeles, um campeonato que começou com os Lakers apontados como grandes favoritos ao título: além dele, o elenco tinha Kobe Bryant, Pau Gasol e Steve Nash.
Os resultados foram desastrosos. Nash se machucou, Howard jamais abraçou seu papel, e Kobe teve que destruir seu tendão de Aquiles para simplesmente carregar a equipe ao mata-mata. Expulso no jogo da eliminação (4 a 0 para o San Antonio Spurs na série), Dwight decidiu não renovar seu contrato, apesar dos anúncios instalados em Los Angeles com a frase: “Fique”.
O pivô ignorou o pedido, mas ninguém se deu bem após o divórcio. Os Lakers nem sequer voltaram aos mata-matas, com seis eliminações seguidas na primeira fase, sequência que não foi interrompida nem com a chegada de LeBron James no ano passado. Dwight foi sendo descartado por um time após o outro, até chegar ao ponto de ter sua presença na NBA ameaçada.
Liberado nos últimos anos por Houston Rockets, Atlanta Hawks, Charlotte Hornets, Brooklyn Nets, Washington Wizards e Memphis Grizzlies –sem ao menos ter a chance de estrear por Nets e Grizzlies–, Howard se reconheceu “no fundo do poço”. Foi aí que surgiu, justamente em Los Angeles, uma pequena janela de oportunidade.
Finalmente com um time forte, ancorado em LeBron James e Anthony Davis, os Lakers perderam um de seus pivôs, DeMarcus Cousins, com uma lesão grave no joelho. A equipe organizou, então, uma espécie de vestibular, com três jogadores da posição livres no mercado: Howard, 33, Joakim Noah, 34, e Marreese Speights, 32.
Dwight impressionou, mostrando estar recuperado de uma cirurgia nas costas que o limitou a nove partidas pelos Wizards. Mas os dirigentes e os principais atletas da equipe californiana precisavam de mais salvaguardas. Assim, em um sinal de que a humildade declarada não era da boca para fora, o atleta topou assinar um contrato de salário mínimo, sem garantias.
Isso significa que os Lakers podem dispensá-lo até janeiro sem precisar pagar o restante de seus vencimentos. Uma hipótese que parece pouco provável neste momento, dadas a produção em quadra do jogador, agora vestido com a camisa 39, e sua repentina excelente relação com os antigos desafetos.
Até Kobe Bryant e Shaquille O’Neal, ídolos aposentados que desdenharam a contratação, já deram sua bênção. Shaq, que tem uma velha e pouco madura briga com Dwight pelo apelido Super-Homem, publicou a seguinte mensagem: “Obrigado, Super-Homem. Está jogando muito. Continue assim, irmão. Orgulhoso de você”.
O impacto de Howard não chega a saltar aos olhos nas estatísticas tradicionais, com médias de 6,7 pontos e 7,9 rebotes, embora os 2,1 tocos chamem a atenção em apenas 21,7 minutos por jogo. São os números coletivos da equipe com o camisa 39 em quadra que comprovam sua importância.
Na defesa, com Dwight no garrafão, os Lakers permitem 94,5 pontos a cada 100 posses de bola dos adversários. O melhor time nesse quesito na última temporada foi o Milwaukee Bucks, que permitia 104,9.
“Foi para isso que o trouxemos”, disse LeBron. “Pensamos que, quando todos o estavam descartando, poderíamos dar a ele uma grande oportunidade. Acreditamos nele, nas palavras dele, e ele está aproveitando”, concluiu o craque.
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