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Em desgraça no futebol, defesa deixa basquete corintiano perto de taça

Ancorado na marcação, time joga por título continental após cinco décadas

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São Paulo

Chave nas conquistas alvinegras desta década, um dos períodos mais vitoriosos da história do Corinthians, o futebol baseado no sistema defensivo caiu em desgraça em 2019. Evitar gols do adversário continua sendo ótimo, mas a prioridade dada à marcação passou a ser vista como um problema.

Campeão brasileiro e tri paulista, Fábio Carille foi demitido com a pecha de retranqueiro. Em uma clara ruptura do modelo adotado nos últimos anos, o clube anunciou para 2020 um treinador alinhado ao conceito ofensivo que ganhou força sobretudo graças ao sucesso do agressivo Flamengo.

No basquete, o momento do time do Parque São Jorge é bem diferente. Enquanto a equipe que joga com os pés tenta se reinventar após um ciclo bem-sucedido que chegou ao fim, a formação alvinegra cujo objetivo é balançar a redinha busca a volta às conquistas que marcaram sua história.

O armador Pecos sobe para bandeja no primeiro jogo da final da Sul-Americana - Divulgação/Corinthians

O Corinthians tem a chance de levar, na noite desta quinta-feira (12) –em jogo marcado para as 20h40 (de Brasília), no Parque São Jorge, com transmissão do SporTV 2–, o título da Liga Sul-Americana de basquete. Se atingir o objetivo e derrotar o Botafogo, será com base na força de sua defesa.

“Não tem como. Hoje em dia, se você quer resultado no basquete, a intensidade defensiva tem que estar lá em cima. Não posso falar algo diferente, é nisso que eu acredito. É fundamental, qualquer equipe precisa começar nesse aspecto”, afirmou à Folha o treinador alvinegro, Bruno Savignani, 37.

“A gente sabe que o jogador brasileiro tem muito talento ofensivo, mas a gente sabe também que, se o cara tem capacidade física para ser forte no ataque, não tem por que não defender intensamente”, acrescentou o comandante.

Teichmann se diverte no ataque, mas é a defesa sua prioridade - Beto Miller/Ag. Corinthians

O basquete, claro, tem uma dinâmica de jogo distinta da observada no futebol. Exceção feita aos lances de rebote ofensivo, é um lado atacando por vez. São cinco jogadores em cada time, e todos têm responsabilidades defensivas importantes –até o artilheiro, ou o cestinha.

No Corinthians, esse cara é o ala-armador Kyle Fuller, 27, norte-americano naturalizado peruano, que tem média de 13,4 pontos por jogo no NBB. Marcar rivais não é sua especialidade, mas o jogador que adotou o apelido de Gringo da Favela –como o turco Kazim havia feito no futebol– sabe que o sucesso em apenas um dos garrafões não é suficiente.

“Como vamos ganar jogo é defensa”, disse o jogador, misturando idiomas para passar o recado. “Não estou colocando muita [importância] na parte ofensiva, não. Agora, é focar o cara que eu preciso marcar, para ele não fazer muitos pontos. O mais importante de tudo não é eu fazer 30 ou 20 pontos. O importante é que o Corinthians ganhe a final”, acrescentou, apontando o símbolo no peito.

“O Corinthians é um clube que preza muito a entrega, a raça, e isso a gente mostra na defesa”, concordou o pivô Guilherme Teichmann, 36. “A gente tem feito isso com uma constância muito grande, nossa defesa é muito firme e muito constante. É isso o que está separando a gente das outras equipes.”

Se o Corinthians proteger bem sua tabela, terá boa chance de comemorar o título nesta quinta. Mesmo que seja derrotado, como ganhou o primeiro jogo da série melhor de três no Rio de Janeiro (88 a 74, sem sustos, na última semana), terá outra chance na sexta (13), também no ginásio Wlamir Marques.

É esse, desde outubro de 2016, o nome da casa corintiana no basquete e no futsal. Um dos maiores nomes da história do esporte da bola laranja no Brasil, Wlamir, hoje com 82 anos, liderou as conquistas alvinegras no Sul-Americano em 1965 e 1966 e estará no palco batizado em sua homenagem na decisão.

Wlamir Marques frequenta o ginásio que leva seu nome - Beto Miller/Ag. Corinthians

A Liga Sul-Americana não é tão importante quanto os Sul-Americanos de Wlamir. Está para a Champions League Américas assim como a Copa Sul-Americana está para a Copa Libertadores no futebol. Mas vencê-la seria um passo importante para o Corinthians, que ficou longe da modalidade por mais de uma década e voltou no ano passado.

No retorno, o clube conquistou a Liga Ouro de 2018, espécie de Série B que valeu vaga na principal competição nacional, o NBB, e chegou à final do Paulista deste ano. Na atual edição do NBB, o time ganhou sete dos últimos oito jogos e ocupa a quinta colocação, no que parece uma caminhada tranquila rumo ao mata-mata.

“Estava até conversando com minha esposa: não sei nem qual vai ser minha reação se a gente ganhar. Estou desde o início do projeto, é como se fosse um filho nascendo, crescendo. É muito gratificante. É um clube que eu aprendi a amar demais, onde me sinto feliz. Vou fazer de tudo para que o título fique aqui”, disse Humberto, 24.

Especialista no garrafão defensivo, o ala-pivô sabe qual é o caminho para a taça da Sul-Americana. Como ocorreu nas vitórias futebolísticas do Corinthians de 2011 para cá, erguer o troféu passa pela retranca. Com 64,4 pontos sofridos por jogo na competição, o time do Parque São Jorge tem a melhor defesa, elogiada pelo treinador da seleção brasileira, o croata Aleksandar Petrovic.

Fuller, o autointitulado Gringo da Favela, quer ficar louco na possível festa do título - Beto Miller/Ag. Corinthians

Ninguém gritará “de-fesa”, como ocorre na NBA nos ataques mais cruciais das equipes visitantes. O som no Wlamir Marques será o “poropopó”, mas o Corinthians estará mais perto da glória se Nesbitt, Teichmann e Pecos forem suas versões mais próximas de Domingos da Guia, Luís Carlos e Ralf.

“Se 'nóis' faz isso, ninguém pode segurar o Gringo da Favela”, prometeu Fuller, imaginando a festa do título: “Vou ficar louco!”.

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