Campeonato Alemão retorna com grande visibilidade e sob riscos
Olhos do futebol se voltam para Bundesliga e seu protocolo de saúde contra pandemia
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O Campeonato Alemão nunca ganhou tanta atenção do mundo do futebol como agora. Popular, mas acostumada a viver à sombra dos pares ingleses e espanhóis nos últimos anos, a Bundesliga, paralisada desde o dia 13 de março, retoma a sua disputa neste sábado (16), com seis partidas da 26ª rodada.
Será a primeira grande liga europeia a realizar jogos oficiais desde o estouro da pandemia de Covid-19. Exatamente por isso, atrairá diversos olhares, desde os curiosos, saudosos de ver bola rolando, até os de dirigentes e políticos de todo o planeta, atentos à eficácia ou não dos protocolos elaborados pelas autoridades alemãs para o retorno do futebol.
Pode ser a chance de consolidar globalmente um campeonato com alta média de gols e capaz de revelar jovens talentos (embora quase sempre dominado pelo Bayern de Munique), mas também de ficar marcado por expor atletas e demais envolvidos ao risco de contrair a doença.
Considerada exemplo de organização esportiva e financeira, a Bundesliga vem experimentando um crescimento substancial de receitas. Já são 15 temporadas consecutivas registrando recorde de arrecadação.
De acordo com o relatório econômico da DFL (Liga de Futebol Profissional da Alemanha) referente à temporada 2018/2019, pela primeira vez na história a liga superou 4 bilhões de euros, aumento de 5,4% na comparação com 2017/2018.
Apesar do crescimento, os alemães ainda faturam menos que a Premier League (inglesa) e LaLiga (espanhola). Os últimos relatórios financeiros publicados por elas, correspondentes à temporada 2017/2018, mostram um faturamento de 5,3 bilhões (cerca de R$ 33 bi em valores atuais) e 4,4 bilhões de euros (quase R$ 28 bi), respectivamente.
O que a Alemanha pode comemorar com relação às concorrentes é o fato de ter a melhor média de torcedores por jogo do mundo. Na última temporada, os clubes da Bundesliga registraram venda de 42.738 ingressos por partida. Dos 18 times que disputaram a elite, apenas um, o Hertha Berlim, apresentou taxa de ocupação inferior a 75%.
Estudo do CIES Football Observatory mostra que de 2013 a 2018 nenhum campeonato levou tanta gente ao estádio. No período, foram 43.300 espectadores em média por partida nos estádios da elite do futebol alemão, 36.600 na Inglaterra e 27.300 na Espanha.
Porém, neste momento de retomada e atenção global voltada ao país, os alemães não poderão mostrar ao mundo os seus estádios cheios.
A ausência de público e a diminuição do número de pessoas trabalhando em um dia de jogo são alguns dos pontos que integram o protocolo elaborado pela DFL para tentar diminuir os riscos de contágio do coronavírus, principalmente para os atletas.
No documento de 50 páginas com as diretrizes para a organização do futebol durante a pandemia, a liga estabelece um teto de 320 pessoas ao mesmo tempo nos estádios, que serão divididos em três zonas: campo, arquibancadas/cabines e área externa (pátio, portões e estacionamento).
Em cada zona, só será permitida a circulação de aproximadamente 100 profissionais, a fim de evitar grandes aglomerações.
Todo o projeto alemão de retomada do futebol inclui a testagem, duas vezes por semana, de jogadores e comissões técnicas, em parceria com laboratórios. A liga prevê cerca de 22 mil a 25 mil testes até o fim da temporada, com a última rodada marcada para o dia 27 de junho.
O monitoramento constante, porém, não torna o plano infalível. Na última bateria de testes, dois jogadores do Dynamo Dresden, da segunda divisão, foram diagnosticados com Covid-19. Imediatamente, o clube entrou em quarentena de 14 dias, o que causou o cancelamento do seu jogo previsto para domingo (17).
O caso acendeu a discussão sobre o risco de novas suspensões, que podem inviabilizar a conclusão do campeonato de acordo com o calendário previsto pela organização. A DFL quer encerrar as duas principais divisões do país até o final de junho, quando terminam os contratos de muitos jogadores.
Para evitar a prorrogação dos torneios caso novos contágios sejam registrados, a entidade analisará a possibilidade de declarar o encerramento precoce da Bundesliga, estabelecendo campeão, rebaixados e classificados para competições europeias de acordo com a tabela vigente.
"Era completamente claro para mim que isso [o contágio] poderia ocorrer a qualquer momento. Estamos no início da retomada", disse o CEO da DFL, Christian Seifert. "Se o Dynamo entrar em quarentena por 14 dias, não há razão para colocar toda a temporada em dúvida."
Houve também reclamação de alguns atletas, que consideraram apressada a volta do futebol no país. O zagueiro Neven Subotic, ex-Borussia Dortmund e atualmente no Union Berlin, foi um dos que manifestaram sua preocupação.
"Essa é uma situação precária para todos nós. Será impossível sair da liga com comentários positivos. Haverá muito gerenciamento de riscos e tentativa de chegar ao fim da temporada com o menor número de baixas", disse o sérvio de 31 anos.
Ao mesmo tempo em que todos estarão de olho nos gramados alemães, abrindo aos clubes e à liga a chance de assumirem o protagonismo do futebol mundial ao menos por um tempo, a Bundesliga carrega grande responsabilidade.
Afinal, é ela quem determinará o padrão de viabilidade para a retomada do futebol nas ligas vizinhas e em outros cantos do mundo. Ou a certeza de que ainda não é possível ver a bola rolar com segurança.
Os jogos da 26ª rodada do Campeonato Alemão
Sábado (16)
10h30 - Borussia Dortmund x Schalke 04, Fox Sports
10h30 - RB Leipzig x Freiburg, ESPN Brasil
10h30 - Augsburg x Wolfsburg, Fox Sports 2
10h30 - Hoffenheim x Hertha Berlim, Watch ESPN
10h30 - Fortuna Düsseldorf x Paderborn, App Fox Sports
13h30 - Eintracht Frankfurt x Borussia Mönchengladbach, Fox Sports
Domingo (17)
10h30 - Colônia x Mainz 05, ESPN Brasil
10h30 - Union Berlin x Bayern de Munique, Fox Sports
Segunda-feira (18)
15h30 - Werder Bremen x Bayer Leverkusen, ESPN Brasil
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