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Conheça protocolos médicos de países e ligas para volta dos esportes

Orientações contra coronavírus variam nos locais que ensaiam retorno de atividades

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São Paulo

Em meio à pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de 3 milhões de pessoas globalmente, algumas ligas e associações esportivas espalhadas pelo mundo têm criado protocolos para tentar retomar seus respectivos calendários de treinos e torneios.

A lista de recomendações para o retorno às práticas inclui desde o distanciamento físico de atletas até a proibição do cuspe durante jogos e eventos, como é o caso, por exemplo, da Coreia do Sul, que já realiza partidas de pré-temporada no beisebol e ensaia o retorno do campeonato em maio, assim como do futebol.

China, Alemanha e Espanha, no futebol, e os Estados Unidos, com a NBA, também esperam ver seus esportistas em ação daqui a algumas semanas.

No Brasil, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) trabalha com a Comissão Nacional de Médicos de Futebol em um protocolo de retomada das atividades durante a pandemia. A elaboração do documento conta com a participação de diversas áreas da entidade, mas ainda não há previsão de sua publicação.

Saiba como diferentes países e as associações de determinadas modalidades vêm trabalhando na tentativa de retomar o esporte:

Coreia do Sul

Na última semana, o beisebol profissional voltou a ser disputado na Coreia do Sul. Doosan Bears e LG Twins, rivais da capital Seul, realizaram um amistoso, no qual os organizadores já começaram a implementar algumas diretrizes para que a temporada regular da liga nacional comece já no próximo dia 5 de maio.

Antes dos jogos, que terão portões fechados, os atletas passarão por duas verificações de temperatura e deverão utilizar máscaras, exceto quando estiverem no campo ou no banco. Foi pedido aos jogadores que também evitem apertos de mão ou cumprimentos físicos com companheiros e adversários.

Um árbitro usa máscara durante partida de beisebol na Coreia do Sul
Um árbitro usa máscara durante partida de beisebol na Coreia do Sul - Jung Yeon-je/AFP

Cuspir, hábito frequente entre atletas do beisebol, principalmente no caso dos arremessadores, está proibido.

A federação de futebol da Coreia do Sul espera iniciar a liga nacional no próximo dia 8 de maio, com 27 rodadas ao invés das 38 realizadas normalmente, também com portões fechados.

Assim como no beisebol, atletas receberão a recomendação para evitarem cumprimentos e, inclusive, que não conversem entre eles durante os jogos. Técnicos deverão usar máscaras na beira do gramado.

Se um jogador da liga for testado e seu exame der positivo para Covid-19, toda a sua equipe será mantida em isolamento por um período de duas semanas.

De acordo com a Universidad Johns Hopkins, que monitora o contágio global, a Coreia do Sul registra 10.600 casos confirmados de coronavírus, com 246 óbitos.

China

A Federação de Futebol da China informou nas últimas semanas aos clubes que eles poderiam retornar aos treinamentos. A expectativa da entidade é iniciar a disputa da primeira divisão chinesa em junho ou julho.

Antes de voltarem a campo para jogos oficiais, atletas e comissões técnicas enfrentariam duas baterias de testes da Covid-19. Uma primeira, já nas próximas semanas. A segunda, logo antes do começo do campeonato.

O técnico Giovanni van Bronckhorst, do Guanghzou R&F, comandando treino no último dia 20 de abril
O técnico Giovanni van Bronckhorst, do Guanghzou R&F, comandando treino no último dia 20 de abril - STR/AFP

Algumas equipes já treinam em solo chinês na preparação para a retomada do calendário. Mas nem todos os jogadores estrangeiros estão à disposição, uma vez que as fronteiras foram fechadas no dia 28 de março. Os clubes, porém, teriam a garantia da federação de que conseguiriam trazer de volta os atletas que estão fora do país.

A China contabiliza mais de 83.900 casos confirmados da Covid-19, com pouco mais de 4.600 mortes.

Alemanha

A Bundesliga criou um protocolo com uma série de medidas para que a atual temporada das duas principais divisões do país seja retomada e termine no campo. A organização da liga espera que esse retorno ocorra ainda em maio.

No documento entregue às autoridades alemãs, a Bundesliga prevê testes de coronavírus permanentes em jogadores e comissões técnicas. Segundo cálculos da entidade, seriam necessários 22 mil testes até o fim da temporada. No caso de algum atleta estar infectado, o restante do time não seria necessariamente isolado.

Bayern de Munique já voltou aos treinos. Clubes alemães esperam retomar a liga em maio
Bayern de Munique já voltou aos treinos. Clubes alemães esperam retomar a liga em maio - Andreas Gebert/Reuters

Para a realização desses testes, a liga já anunciou acordo com associações laboratoriais da Alemanha que ajudariam no monitoramento.

A proposta também prevê portões fechados para todas as partidas. O número de profissionais que trabalham em dias de jogos também seria reduzido. De acordo com a liga, um máximo de 322 pessoas seriam necessárias para um jogo de primeira divisão. Dependendo do tamanho do estádio, o número cairia para 213.

O projeto já foi entregue ao governo, que deverá dar uma resposta sobre a retomada do futebol em reunião no dia 6 de maio, quando a chanceler Angela Merkel se reunirá com autoridades dos 16 estados do país para discutir o relaxamento das medidas de isolamento social.

A Alemanha ultrapassou, de acordo com a Universidad Johns Hopkins, a marca de 159.900 casos confirmados da Covid-19, com pouco mais de 6.300 mortes registradas.

Espanha

Assim como a Alemanha, a Espanha também já estuda como retomar o futebol em breve, apesar de o país ser, ao lado da Itália, o epicentro da Covid-19 na Europa. Já são mais de 232 mil casos confirmados da doença e pouco mais de 23.800 mortes.

No protocolo elaborado por LaLiga, jogadores, comissões técnicas e estafes dos clubes seriam testados diariamente pelo período de um mês, com testes realizados dentro de seus carros antes que entrem nos centros de treinamento. No caso de um atleta ser infectado, ele seria mandado para casa e entraria em um período de isolamento. Seus companheiros também voltariam para casa e passariam por novos testes antes que pudessem voltar ao trabalho.

LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol, também elaborou um protocolo de volta das atividades
LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol, também elaborou um protocolo de volta das atividades - Stringer/Reuters

Os atletas deveriam chegar aos centros de treinamento com luvas e máscaras, e em diferentes intervalos para evitar a concentração do elenco em um único horário. A ideia é que apenas seis jogadores treinem no campo por turno e somente dois trabalhem juntos dentro da academia.

Esse grupo de oito jogadores por intervalo não poderia ter contato com outros grupos de treino, a fim de evitar o contato.

Os clubes seriam aconselhados a projetar atividades e exercícios que envolvam o mínimo uso de equipamentos. Esses equipamentos seriam desinfetados imediatamente depois de utilizados pelos jogadores.

Estados Unidos

A NBA informou às franquias de basquete na última segunda-feira (27) que atletas poderão voltar a trabalhar nos centros de treinamentos de suas equipes a partir de 8 de maio, desde que o façam individualmente.

A abertura gradual da liga depende do relaxamento dos estados onde há equipes na NBA. Georgia e Oklahoma, que possuem times, já anunciaram medidas menos rígidas de isolamento social, abrindo as portas para que seus clubes e times permitam a utilização das instalações para treinos.

O retorno do esporte nos Estados Unidos conta, inclusive, com o desejo expresso do presidente Donald Trump, que já afirmou estar cansado de "assistir a jogos de beisebol de 14 anos atrás".

Diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas do país, Anthony Fauci disse nesta quarta-feira (29) que as ligas e os clubes precisam considerar a possibilidade de cancelarem suas temporadas neste ano em nome da segurança dos esportistas e dos fãs.

Para Fauci, por mais que os jogos sejam disputados com portões fechados, a logística para a realização dos eventos ainda será complicada.

"Eu adoraria ter todos os esportes de volta. Mas como um oficial da saúde e cientista, eu tenho de dizer que agora, quando olhamos para o país, nós ainda não estamos prontos para isso", afirmou.

"Você terá de testar todos os jogadores, se certificar de que todos [os exames] darão negativos e mantê-los em um lugar onde não tenham contato com ninguém de fora, que você não sabe se estão infectados ou não."

Os Estados Unidos registram mais de um 1 milhão de casos e pouco mais de 58.300 mortes.

Nicarágua

Ao contrário de muitos outros países, a Nicarágua não impôs medidas mais restritivas à população durante a pandemia, como o isolamento social. De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, o país teve apenas 13 casos confirmados até o momento e três mortes.

Vale destacar, porém, que a Nicarágua é governada por uma ditadura e ocupa a 161ª posição (de 180 nações) no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional.

No país, os esportes seguem sendo disputados normalmente, mas algumas medidas de prevenção foram colocadas em prática. No último fim de semana, um evento de boxe reuniu cerca de 800 espectadores em um ginásio com capacidade para 8.000. Cada um deles ficou a uma distância de aproximadamente um metro.

Fãs de boxe assistem a luta em ginásio de Managua, na Nicarágua
Fãs de boxe assistem a luta em ginásio de Managua, na Nicarágua - Oswaldo Rivas/Reuters

Torcedores, atletas, técnicos, juízes e jornalistas utilizaram máscaras. Os boxeadores só as tiraram assim que entraram no ringue.

Antes de entrarem na arena, todos tiveram a temperatura testada, além de receberem um produto para higienizar as mãos. Também lhes foi pedido que limpassem as solas dos pés na entrada do ginásio.

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