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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 ciclismo

Ciclista põe Argentina na frente do Brasil no quadro e festeja com brasileiro

Apoiado por adversário Gustavo Bala Loka, José Torres Gil triunfa na modalidade BMX em raro ouro olímpico de seu país

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Paris

Um atleta nascido na Bolívia foi o responsável por dar à Argentina sua primeira medalha nos Jogos Olímpicos de 2024. O triunfo de José Torres Gil no ciclismo BMX freestyle, na quarta-feira (31), é até agora o único ouro de um sul-americano em Paris, o que deixou a delegação argentina à frente da brasileira no quadro de medalhas.

E a conquista foi bastante festejada... por um brasileiro. Gustavo Batista de Oliveira, o Bala Loka, ficou na sexta colocação na mesma disputa e correu para abraçar o amigo, na arena montada na Place de La Concorde. O paulista convive com Torres Gil no circuito da modalidade e, aos 21 anos, conta com o apoio do concorrente, mais experiente, de 29.

José Torres Gil faz manobra maligna e observa de cabeça para baixo o milenar Obelisco de Luxor, instalado na Place de la Concorde no século 19 - AFP

"Gosto muito dele. A gente está sempre junto. Já fui à casa dele, ele também vai à minha no Brasil. Estou muito feliz porque ele é igual à gente, sabe? Teve um começo difícil e está onde está. Fico muito feliz que ele esteja aqui, que seja o primeiro argentino a conquistar uma medalha. Estou muito feliz mesmo", disse Oliveira.

"Somos rivais dentro da pista, mas somos amigos, um fica feliz pelo outro. A gente roda o mundo junto. Toma café junto, almoça junto, janta junto. Antes das competições, sai para turistar. A galera da América Latina é sensacional, não é igual. A gente movimenta tudo, é diferente. É mais alegre, faz festa, a gente se diverte mais", acrescentou.

Diverte-se tanto que José, por pregar peças nos outros e fazer brincadeiras constantemente, passou a ser chamado de Maligno, um apelido que também tem a ver com suas manobras arriscadas –outro ponto em comum com Bala Loka, uma alcunha ligada ao arrojo na pista. Mas, medalha no peito, o argentino deixou a zombaria de lado para usar palavras doces sobre o brasileiro.

"Nós nos damos superbem. Estou superfeliz com ele, que é um pouco mais jovem e está agora atingindo toda a sua explosão. Sempre que vamos competir, nós nos ajudamos, nossos treinadores fazem o mesmo. Nesse sentido, nós dos países latinos tratamos de nos unir um pouco, porque sabemos que é difícil sair para competir, custa muito, valorizamos nosso esforço", afirmou.

Bala Loka, com 90,20, obteve a sexta colocação em Paris - Folhapress

Ainda sobre os países latinos, Torres Gil foi questionado sobre seu local de origem e saudou os bolivianos. Filho de argentinos, ele nasceu em Santa Cruz de la Sierra e se mudou para Córdoba, na Argentina, aos 11 anos. Para ele, mudanças estruturais são necessárias para que a Bolívia ganhe a primeira medalha olímpica de sua história.

"Tomara que as federações da Bolívia comecem a apoiar os atletas, para que deixem de ir embora. Eles têm incríveis atletas, mas está fazendo falta apoiá-los mais. Têm um talento incrível, mas não estão se dando conta disso, e os atletas estão indo embora. De qualquer maneira, eu me sinto feliz de poder saudá-los. Um abraço a todos", disse.

Ainda que não por questões esportivas, José é um dos que foram embora. E a festa no parque urbano instalado na Place de la Concorde foi mesmo da Argentina em mais uma ensolarada tarde francesa. O campeão atingiu uma nota muito alta na primeira de suas duas voltas de um minuto pela pista, 94,82, marca inalcançável para seus oponentes.

Na final da modalidade BMX freestyle do ciclismo, vale a maior pontuação em duas tentativas. O britânico Kieran Reilly (93,91) e o francês Anthony Jeanjean (93,76) também apresentaram manobras dinâmicas, que empolgaram o público sob um sol escaldante no centro de Paris, e completaram o pódio.

Foi uma rara conquista para a Argentina, que não levava uma medalha de ouro desde os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, e não é exatamente uma potência olímpica. Na edição realizada em 2021, em Tóquio, o país obteve uma prata e dois bronzes. Agora, ao menos até o momento, é o líder entre os sul-americanos no quadro geral dos Jogos de 2024.

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