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Guatemalteca e jamaicano surpreendem e viram 'zebras' das Olimpíadas nas casas de apostas

Atletas com baixas probabilidades de vitórias vencem jogos e quebram recordes; preferidos deixaram a competição de forma precoce

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São Paulo

O nome de Adriana Ruano Oliva não era destaque no mundo das apostas online antes de sua chegada à França. A expectativa era de que a guatemalteca, 44º lugar no ranking da Federação Internacional de Esportes de Tiro, finalizasse a competição na 25ª posição, com 1,8% de chance de ouro, segundo os apostadores. Seu desempenho, entretanto, fez com que ela se transformasse na maior "zebra" da competição.

Ela acertou 45 de 50 alvos, quebrou o recorde olímpico e viu a bandeira da Guatemala no topo do pódio do tiro esportivo feminino, como sonhava antes de chegar em Paris. A vitória também fez com que o país latino ganhasse o 1º ouro olímpico da história no tiro esportivo.

Isso não teria acontecido se, em 2010, Adriana tivesse desistido da carreira após uma lesão na coluna durante o exercício de seu primeiro esporte: a ginástica artística.

Oliva iniciou sua trajetória esportiva como ginasta, chegando a defender o país em campeonatos. A atleta ingressou no tiro esportivo em 2013 e fez a primeira participação olímpica em Tóquio-2020, ficando em 26º lugar. Conseguiu uma vaga em Paris após vencer os Jogos Pan-Americanos de Santiago em 2023.

Veja qual era a previsão dos apostadores para Adriana Ruano Oliva:

Adriana Ruano Oliva, da Guatemala, com sua medalha de ouro - Reuters

Outro campeão que não estava nas previsões das apostas esportivas foi o jamaicano Roje Stona, 11º no ranking mundial da modalidade. Surpresa no lançamento de disco, o atleta tinha 1,3% de chance de ouro, sendo esperado que ele ficasse na última posição.

Roje alcançou o lugar mais alto do pódio após lançar o disco a 70 m. A distância ainda foi suficiente para quebrar um recorde olímpico, intacto desde 2004, conquistado pelo lituano Virgilijus Alekna com 69,89 m.

Veja qual era a previsão dos apostadores para Roje Stona:

As casas de apostas também foram surpreendidas com atletas que tinham grande chance de ouro, mas que deixaram os Jogos Olímpicos Paris 2024 de forma precoce.

Uma delas foi a judoca japonesa Uta Abe. Invicta desde 2019, a campeã olímpica em Tóquio 2020 perdeu nas oitavas de final na categoria até 52 kg para a uzbeque Diyora Keldiyorov, ficando em nono lugar.

Segundo dados coletados pela Folha nas casas de apostas europeias antes do início das competições, Uta tinha 82,64% de chances de levar o ouro, enquanto Diyora, 5,15%.

Veja qual era a previsão dos apostadores para Uta Abe:

Outro nome que tinha a confiança dos apostadores pré-Olimpíadas era o chinês Wang Chuqin, número um do mundo no tênis de mesa. Após ter a raquete principal quebrada por fotógrafos, ele deu continuidade na disputa com a reserva e foi eliminado na terceira rodada pelo sueco Truls Moregardh (42º do mundo). Wang Chuqin tinha 57,89% de chances de ouro; Moregardh, 1,49%.

O cavaleiro sueco Henrik von Eckermann, campeão em Tóquio, foi o que mais desapontou os apostadores em relação à posição que atingiu nos Jogos. As apostas apontavam que ele tinha 17,65% chance de ganhar o ouro. O cenário, entretanto, foi diferente. Henrik foi derrubado da sela pelo cavalo, que errou o trajeto, e acabou na 26ª posição.

Veja qual era a previsão dos apostadores para Wang Chuqin e Henrik von Eckermann:

A reportagem analisou dados do agregador britânico de apostas Oddschecker, que reúne mais de 20 casas de bets online (a maioria europeia) que estavam com apostas abertas para os Jogos. Os dados foram obtidos entre os dias 24 e 26 de julho e antes do início das competições que antecederam a abertura.

Ao todo, foram coletados dados de apostas de 4.948 atletas ou times em 239 eventos. Nem todos eventos e nem todos atletas tinham apostas que poderiam ser feitas

Brasil nas apostas

Antes do início das competições que antecederam a abertura, o Brasil tinha ao menos oito atletas ou equipes no seleto grupo dos que tinham grandes chances de ouro nas Olimpíadas, de acordo com as casas de aposta.

Dessa lista, até a finalização desta reportagem, apenas Rebeca Andrade (ginástica artística), com 14,36% de chance de ouro, e a dupla de vôlei de praia Duda e Ana Patrícia, com 41%, realmente conseguiram atingir a posição mais alta do pódio.

A ginasta venceu na final do solo ao obter uma pontuação 14.166, com dificuldade 5.900 e execução 8.266, derrotando a norte-americana Simone Biles, maior nome da modalidade em todos os tempos. Já a dupla do vôlei de praia, derrotou as canadenses por sets 2 sets a 1.

Do outro lado, um atleta que desapontou os apostadores foi o surfista Gabriel Medina, que tinha 31,79% de chances de finalizar os Jogos na melhor posição no pódio. Após surfar apenas uma única vez em um mar que quase não ofereceu ondas, o atleta conquistou uma medalha de bronze para o Brasil.

Veja qual era a previsão dos apostadores para Gabriel Medina:

Cenário de apostas para os esportes

Segundo análise da Folha, os apostadores superestimaram atletas olímpicos que tinham reduzidas chances de ouro. Dentre aqueles que tinham de 0% a 10%, era esperado que, ao menos, 2,25% estivessem no topo do pódio; na realidade, apenas 1% conquistou o feito.

O mesmo ocorreu entre competidores que tinham de 10% a 20% de chance de vitória. O esperado, segundo os apostadores, era que ao menos 14% alcançassem a maior posição do pódio, mas o resultado final mostrou que apenas 8% conseguiram.

A diferença percentual entre o esperado e o realizado é ainda maior entre os atletas que tinham de 20% a 30% de ouro. As apostas indicavam que 24% desses atletas seriam campeões, mas só 16% foram.

Para essa análise, a reportagem comparou a posição esperada dos atletas, segundo os apostadores, com o resultado final de cada um. Nesse cenário, em diferentes faixas de probabilidade (como entre 0% e 10%, entre 10% e 20%, e outras), quantos atletas conseguiram ganhar a medalha de ouro.

Entre as 159 modalidades esportivas analisadas, a corrida de estrada masculina no ciclismo foi o evento mais difícil de prever. Os atletas terminaram a prova, em média, com 14 posições acima ou abaixo do que era esperado pelas casas de apostas.

Outras duas modalidades com alta dificuldade de previsão foram o concurso completo de equitação individual e a corrida de estrada feminina no ciclismo, em que os atletas terminaram, respectivamente, com uma oscilação de 13 e 12 posições acima ou abaixo do previsto.

Do outro lado do espectro, o esporte que se destacou com alta previsibilidade foi o tênis de mesa individual feminino. O resultado final das atletas oscilou cerca de 0,5 posições para mais ou para menos.

Confira a tabela (e leia as dicas abaixo):

Além do percentual relacionado a cada atleta, uma escala de cores indica 0% de chance de ouro (vermelho) a 100% de chance (azul). Alguns competidores irão aparecer com menos de 10% de chance de ouro e mesmo assim terem indicação azul. Pode parecer estranho, mas nesses casos as apostas para a modalidade estão muito diluídas entre vários atletas, deixando até os favoritos com percentuais baixos. Se o nome em questão está na faixa azul é porque, mesmo com pouca chance, está na frente de outros adversários.

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