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Descrição de chapéu Primeira vez

Butantan apareceu na Folha pela 1ª vez devido a acidente de carroça há quase 100 anos

Instituição que nasceu do primeiro esforço sanitarista da República se tornou referência na produção de vacinas

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São Paulo

Foi pelo aeroporto que a Covid-19 chegou ao Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Há 121 anos, contudo, foram os navios atracados no porto de Santos (SP) que trouxeram ao país os primeiros casos da peste bubônica, uma das mais letais pandemias da história.

Cientista trabalha em laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo - Divulgação - 17.abr.2020

A criação do Instituto Butantan, fundado pelo governo paulista em 1901, foi uma reação direta ao surto da peste no Brasil, seis séculos após a primeira onda dessa pandemia atingir a Europa, em 1343, reduzindo em um terço a população do continente.

Em 14 de agosto de 1889, o diretor-geral de Saúde Pública do Brasil, Nuno de Andrade, recebeu um telegrama noticiando que a cidade do Porto, em Portugal, estava infectada pela peste, mais de 150 anos depois que o último caso havia sido registrado na Europa.

As rotas comerciais entre Brasil e Portugal, com intenso contato entre os portos, levaram Andrade a adotar medidas restritivas e sanitárias para evitar a chegada da peste no Brasil, como quarentenas para navios saídos de portos infectados e vigilância de passageiros.

Os protocolos foram considerados severos demais e danosos para a economia nacional por alguns setores, e, apesar do debate público que se seguiu, Andrade foi irredutível e manteve as medidas sanitárias.

No entanto, três meses depois, os médicos Vital Brazil e Eduardo Lopes, do Instituto Bacteriológico do estado de São Paulo foram enviados ao litoral paulista para avaliar um suposto caso de febre amarela, e constataram nas autópsias a presença de bacilos característicos da peste bubônica.

Em dezembro daquele ano, o Laboratório Soroterápico, sob a direção de Brazil, foi instalado na Fazenda Butantan, uma chácara com 400 hectares a 8 km do centro da capital. O objetivo do laboratório era produzir o soro antipestoso.

Por decreto do governo paulista de 1901, o Laboratório Soroterápico tornou-se uma instituição autônoma, o Instituto Serumtherápico, mais tarde rebatizado como Instituto Butantan.

O Butantan —que anunciou nesta quinta (7) uma vacina com eficácia de 78% a 100% contra a Covid-19 — apareceu pela primeira vez nas páginas da Folha no ano da fundação do jornal, em 1921.

Na época, o Brasil enfrentava outra pandemia, a da gripe espanhola. Preparava-se também para a possibilidade de um surto de tifo, que em 1920 assolava a Rússia.

Mas a estreia do Butantan nas páginas da Folha não foi com uma notícia na área de saúde. E, sim, um acidente de carroça em frente ao instituto, cujo nome em tupi-guarani significa "terra muito dura".

Em março de 1921, o leiteiro Cesar Fernandes, vizinho do instituto, dirigia-se para o centro da cidade com seu filho Antônio, de 2 anos, e a precariedade do calçamento causou a perda de controle da carroça.

A criança foi arremessada do colo do pai para o chão. A força da queda a levou à morte instantânea.

Primeira aparição do Instituto Butantan na Folha trouxe notícia de um acidente de carroça em frente à instituição - Acervo Folha

O Butantan continuou a aparecer nas páginas da Folha como referência geográfica para o leitor. E, em 1925, Vital Brazil concedeu entrevista ao jornal falando sobre o novo método de vacinação usado pelo Serviço Sanitário na campanha contra o tifo.

Ao longo de sua história centenária, o Instituto Butantan foi responsável pela produção de diversas vacinas, como a tríplice bacteriana, a vacina contra o HPV, contra a raiva e contra as hepatites A e B.

Este texto faz parte da série Primeira Vez, que mostra quando temas e personagens estrearam nas páginas do jornal

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior da reportagem afirmava incorretamente que o Laboratório Soroterápico, que mais tarde deu origem ao Instituto Butantan, era carioca. Era uma instituição paulistana. O texto foi corrigido

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