Descrição de chapéu Coronavírus

Butantan quer formalizar pedido de uso emergencial da Coronavac nesta sexta

Instituto tem dossiê com 10 mil páginas de dados sobre a eficácia e segurança da vacina

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São Paulo

O Instituto Butantan pretende entregar às 9h desta sexta (8) o pedido formal para o uso emergencial da Coronavac, o imunizante chinês contra a Covid-19 que o órgão estadual paulista vai produzir localmente.

Os dados acerca da fase 3, a final, foram finalizados nesta quinta (7). Em uma reunião, tecnicamente chamada de pré-submissão, o Butantan entregou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um resumo dos achados acerca da eficácia da vacina.

O diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, durante anúncio da eficácia da Coronavac
O diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, durante anúncio da eficácia da Coronavac - Nelson Almeida/AFP

A Folha revelou, enquanto o encontro ocorria, que a eficácia da vacina era de 78% para proteção contra casos leves da doença, e total para os episódios moderados e severos.

Ato contínuo ao fim da reunião, a Anvisa divulgou nota em que reafirmava que não havia ocorrido nenhuma formalização de pedido e que só havia recebido imagens em PowerPoint.

O tom contrariou o governo paulista, que vinha notando uma melhoria expressiva na relação com a agência, desgastada desde que o órgão suspendeu os testes da Coronavac sem avisar o Butantan.

Na visão de São Paulo, a primeira reunião já configuraria o pedido do ponto de vista prático, e o tom de desmentido turvou os ânimos. Assim, foi acertado que a documentação toda estará com o órgão em Brasília nesta sexta.

São 10 mil páginas com detalhes sobre todos os grupos vacinados e que receberam placebo no ensaio, estratificados por idade, comorbidades e escores clínicos (grau de gravidade) de sintomas em quem foi infectado.

Dos 12.476 profissionais de saúde voluntários em oito estados, 218 foram infectados. Desses, cerca de 160 tinham recebido uma solução salina inerte e outros 60, a vacina.

A eficácia foi indicada acima da sugerida pela conta bruta, 63%, porque são aplicadas ponderações levando em conta o grau de severidade de sintomas.

Estudos anteriores já apontavam a segurança do imunizante.

O pedido de uso emergencial, uma vez formalizado, será analisado em até dez dias. O Butantan espera um prazo ainda menor, apesar das desconfianças da área política do governo paulista em relação à agência —que é comandada por um almirante bolsonarista.

Como se sabe, todo o assunto Covid-19 antagoniza o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB-SP), prováveis rivais em 2022. Agora, vacina e o controle de sua distribuição estão na mira.

O registro definitivo, que demora até dois meses para ser concedido, deverá ser pedido apenas depois que a Sinovac, laboratório chinês privado que criou a Coronavac, fizer o mesmo pedido na similar da Anvisa em Pequim.

Isso pode ocorrer na semana que vem, estimam negociadores do governo paulista.

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