Passeata virtual reúne 2.400 vítimas que erguem voz contra violência sexual na infância
Largada do levante inédito online do movimento #AgoraVcSabe marcou o 18 de Maio, Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O primeiro levante virtual do mundo aconteceu nesta quarta-feira (18) na internet brasileira e reuniu mais de 2.400 vítimas que colocaram suas caras na tela para gritar ao mesmo tempo: "Violência sexual contra crianças e adolescentes é uma realidade. Eu fui vítima e agora você sabe".
A passeata virtual com duração de duas horas marcou o 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no país. Foi a largada de uma mobilização online do movimento #AgoraVcSabe, que foi idealizado pelo Instituto Liberta.
"Esta passeata uniu, em duas horas, mais de 2.400 pessoas dizendo que foram vítimas de abuso sexual na infância e na adolescência. Quando todo mundo sabe, é hora de mudar", afirma Luciana Temer, presidente do Liberta.
Para ela, este primeiro ato demonstrou que é possível juntar ao longo da campanha, que vai até agosto, 1 milhão de pessoas denunciando a violência sexual contra crianças e adolescentes. "É a força do coletivo que muda uma cultura."
Segundo a presidente do Liberta, o saldo é positivo. "Temos o registro de quantas pessoas chegam a gravar o vídeo no nosso site, mas não enviaram ainda. São milhares. Isso demonstra como é forte o pacto do silêncio. São várias barreiras a serem rompidas e esta foi a primeira."
PRÓXIMAS PASSEATAS
Ainda é possível enviar o seu vídeo e participar até agosto. Vão ocorrer outras passeatas, uma em junho, outra em julho e a última em agosto. As datas ainda vão ser agendadas e divulgadas.
Além das pessoas físicas, homens, mulheres e trans adultos de todas as regiões, raças e classes sociais, cerca de 50 instituições participaram da passeata online.
Entre os apoiadores da manifestação estão o Governo do Estado de São Paulo e os Ministérios Públicos de 17 Estados, entre eles Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro, e Santa Catarina.
"A mudança é pelas instituições, mas elas são constituídas por pessoas. Temos que mudar a cultura do país rompendo o constrangimento sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. É deste caldo cultural que sai o policial, o médico, o professor: por isso que fazemos tanta força para mudar este caldo", explica Luciana. Para ela, as políticas públicas necessárias serão consequência de uma transformação da mentalidade.
"O Estado não tem no coração a prioridade dos nossos filhos e dos nossos netos", explica a deputada estadual Patrícia Bezerra (PSDB). Para ela, que participou da campanha nas redes sociais. "Ninguém faz nada sozinho".
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, lembrou durante a abertura do seminário "18 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes", em São Paulo, que "a gente precisa discutir estes dados para pensar políticas públicas adequadas". A fala foi republicada nas redes oficiais.
Celebridades como a apresentadora Angélica Ksyvickis, 48, embaixadora da campanha, a empresária Luiza Helena Trajano e os apresentadores Luciano Huck e Marcos Mion se engajaram nas redes sociais para chamar mais pessoas para o levante.
A vencedora do BBB e influencer, Juliette, também divulgou a passeata virtual nas suas redes sociais.
"Mais de 60.6% de todos os abusos sexuais registrados no país foram contra meninas com menos de 13 anos segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021. O real da violência é muito maior", afirmou Mion em suas redes. Para ele, o engajamento na campanha é necessário. "É um problema tão grave e tão invisibilizado", destacou.
Ponto também lembrado pela presidente da OAB, Patricia Vanzolini. "Na imensa maioria dos casos é um crime que sequer é denunciado." Nas redes sociais da entidade ela pontuou que a campanha continua e todas as pessoas podem participar acessando o site e gravando um vídeo.
A causa de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes tem o apoio do Instituto Liberta, parceiro da plataforma Social+.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters