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Só 11% das vítimas de violência sexual na infância denunciam agressão, diz Datafolha

Ainda que mais de 90% da população tenha consciência sobre o crime, maioria silencia

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Gabriela Caseff Giovanna Balogh
São Paulo

Os brasileiros adultos concordam que a violência sexual contra menores é um problema que na maioria das vezes acontece dentro de casa e a vítima conhece o abusador, segundo pesquisa Datafolha encomendada pelo Instituto Liberta.

Mas, ainda que mais de 90% da população saiba sobre esse crime, só 26% das pessoas que admitiram terem sido vítimas contaram para alguém sobre o ocorrido. E apenas 11% delas denunciaram a agressão.

A administradora Roberta Belém, 49, foi vítima de violência sexual na adolescência - Karime Xavier/Folhapress

O Datafolha ouviu 2.086 pessoas, com 16 anos ou mais, em 130 cidades brasileiras entre 7 e 13 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Como forma de garantir privacidade em um assunto delicado como violência sexual, os entrevistados com mais de 18 anos foram convidados a responder questões mais pessoais da pesquisa usando um tablet.

O Datafolha perguntou às 543 pessoas na amostra que afirmam ter sofrido algum tipo de agressão sexual física ou verbal quando menores se aceitariam se engajar no movimento "AgoraVcSabe", lançado pelo Liberta neste ano.

A campanha convida adultos a romperem o silêncio. Basta gravar um vídeo no site do instituto dizendo: "A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma realidade. Eu fui vítima e agora você sabe".

Entre os 19% que aceitariam participar, 37% o fariam para que outras pessoas não passem por situação parecida, 32% para romper o silêncio e 26% para que o governo combata a violência sexual. Entre os que não aceitaram participar, 30% das mulheres disseram ter vergonha.

A administradora Roberta Belém, 49, aceitou gravar um vídeo. Ela tinha 16 anos quando foi assediada por um endocrinologista no Rio de Janeiro. Apesar de saber que a conduta médica era errada, só soube que foi violentada já adulta.

"Aquilo me incomodou, não sabia que era assédio e não denunciei. Nunca mais voltei àquele médico, pois me senti envergonhada."

O vídeo será um dos veiculados na próxima passeata virtual, no dia 31 de agosto. "Fiz isso para que outras vítimas não sofram caladas, não se sintam envergonhadas e humilhadas. E me senti na obrigação de colocar na campanha a minha história."

A expectativa do Liberta era engajar 1 milhão de pessoas em levantes virtuais. "Mas a gente sabe o quão difícil é romper esse silêncio, daí a importância de movimentos como o #AgoraVcSabe chamando as pessoas a falar sobre isso", diz Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta.

"O fato de termos a adesão de 3.000 vítimas de violência sexual na infância é compatível com o resultado do Datafolha."

É uma dor solitária, já que, segundo a pesquisa, 39% dos que se assumiram vítimas ainda sofrem pela violência vivida durante a infância e/ou a adolescência.

E silenciar contribui para a impunidade de agressores. "As pessoas querem leis mais severas para esse tipo de crime, que é inadmissível. Mas o silêncio é gigante", diz Luciana.

"Se não rompermos com ele, não se acaba com a violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil."

A causa de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes tem o apoio do Instituto Liberta, parceiro da plataforma Social+.

Erramos: o texto foi alterado

O total dos entrevistados que dizem ter denunciado a violência sexual na infância é de 11%, e não 20%, como constava no título da matéria.

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