Livro apresenta a Carmen Miranda moleca para o público infantil
Obra conta a história da artista que cantava e dançava como ninguém e que fez sucesso com marchinhas de Carnaval e de festas juninas
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“Carmen era uma brasileira engraçada: nasceu em Portugal. Ninguém poderia imaginar que um dia ela acabaria virando mais brasileira do que a jabuticaba e mais carioca do que a praia de Copacabana. Mas e daí? Gato que nasce em forno não é biscoito...”
Esse é um dos trechos iniciais de “Carmen - A Grande Pequena Notável”, livro assinado por Heloisa Seixas, Julia Romeu e Graça Lima sobre a cantora que fez muito sucesso mundo afora na primeira metade do século 20.
Em 40 páginas, as autoras contam como a filha de um barbeiro e de uma lavadeira portugueses, que veio para o Brasil ainda bebê, em 1909, tornou-se a brasileira mais famosa do planeta em seu tempo, cantando e dançando.
Esse não é um livro exatamente novo, mas é quase como se fosse.
A escritora Heloisa Seixas e sua filha, a tradutora e professora de literatura inglesa Julia Romeu, sempre foram fascinadas pelas músicas e pelas coreografias de Carmen.
O encantamento cresceu em 2005, quando Ruy Castro, colunista da Folha e marido de Heloisa, lançou a biografia “Carmen” (ed. Companhia das Letras). “O Ruy consegue contaminar todos com suas paixões”, diz a escritora.
O objetivo inicial de mãe e filha era escrever um musical sobre a cantora, mas não conseguiram viabilizar a produção naquele momento —o espetáculo só saiu do papel em 2018. Elas resolveram, então, preparar um livro dedicado ao público infantil (especialmente entre 6 e 10 anos) e convidaram a ilustradora Graça Lima para integrar o projeto.
Lançada pela Edições de Janeiro em 2014, a obra conquistou dois prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil no ano seguinte.
Parecia o início de uma carreira promissora para essa “Carmen” para os pequenos, mas o fechamento do departamento de literatura infantil da Edições de Janeiro em 2015 impediu que o livro tivesse uma distribuição mais ampla.
Cinco anos depois, a editora Pequena Zahar relança a obra, com pouquíssimas alterações em relação à versão inicial. São especialmente interessantes as passagens sobre a infância da cantora.
“Carmen era sapeca e desbocada. Volta e meia, soltava um palavrão. Mas era sempre um palavrão engraçado, que escapulia da boca, fazendo todo mundo em volta morrer de rir. Menos seu Pinto. Ele brigava quando ouvia, mas Carmen sabia que o pai não tinha moral para falar: era com ele que ela aprendia todos os palavrões!”, escrevem.
O livro evolui de forma curiosa: começa em preto e branco e vai ganhando cores ao longo das páginas. As ilustrações de Graça Lima se inspiram nos desenhos de J. Carlos, chargista e designer gráfico que brilhou nas primeiras décadas do século 20.
Os traços e as cores expressam bem a ginga e o carisma de Carmen. São aspectos, aliás, que aproximam a cantora do cotidiano das crianças do passado e do presente.
“Ela tinha uma personalidade brejeira e cantava brincando. Era uma moleca! Tinha uma dicção muito popular, muito carioca. Usava a fala das ruas, o que faz com que se comunique diretamente com as crianças”, afirma Heloisa.
Sua ligação com a infância também se revela nas marchinhas de festa junina que ficaram famosas na voz dela.
“O que é que a baiana tem?” é Carmen, mas ela também é “São João, São João, acende a fogueira no meu coração”.
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