Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Saiba quais bichos podem estar vivendo na sua casa, dos carunchos à mosca do banheiro

Quase sempre inofensivos, insetos, aracnídeos e crustáceos convivem com seres humanos em todos os cômodos

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São Paulo

Além do seu vira-latas caramelo e do gatinho preto que a família toda ama, a sua casa guarda também uma dezena de outros animais. Alguns são até visíveis, mas têm um comportamento discreto, enquanto outros são tão minúsculos que nem que você se esforçasse conseguiria enxergar. Ou seja, é uma fauna quase à parte do dia a dia.

"A grande maioria deles é inofensiva", diz o biólogo César Favacho, mestre em Biodiversidade e Evolução pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, e famoso nas redes sociais (@cesarfavacho) com vídeos que mostram a natureza de pertinho.

"Uma das coisas que já me disseram é que mostro as coisas de uma perspectiva diferente. São bichos interessantes, só falta as pessoas pararem para olhar para eles", explica.

César, com a colaboração do também biólogo Paulo Ribolla, ajudou a mapear os animais que podem habitar cada cômodo de uma casa. "Nossas casas são como cavernas artificiais para eles", ensina o biólogo.

Grande parte dos mapeados é de insetos, mas há também aracnídeos e crustáceos. "É claro que mosquitos transmitem doenças, e há aranhas marrons, dependendo da região, que podem ser perigosas. Porém, os insetos no geral, além de numerosos no meio ambiente, são muito importantes", diz.

"Uma vez vi um livro sobre animais brasileiros e não tinha nenhum inseto ou invertebrado, eles não foram nem considerados animais brasileiros. Sendo que eles têm uma importância ambiental muito grande, a biologia deles é bacana e é uma coisa legal de observar."

O biólogo faz duas recomendações importantes: primeiro, nunca manusear os animais, respeitando o espaço deles; segundo, tomar cuidado com inseticidas. "Querendo ou não é um veneno, pessoalmente não gosto muito porque podem ser maléficos para outros bichos, incluindo os pets, e também para crianças", opina.

Ele explica que o uso constante de venenos é prejudicial à ordem do meio ambiente no geral, causando reações em cadeia. "Existem animais aves que só se alimentam de insetos, e com a diminuição [dos insetos] eles também começam a ficar ameaçados."


COZINHA

Caruncho ou gorgulho (Sitophilus)

Com até 5 mm de comprimento, costumam viver dentro de pacotes de macarrão ou de grãos. Quando se sentem ameaçados, se fingem de mortos. A fêmea põe de 36 a 254 ovos, depois de cavar um buraquinho no alimento, e sabe quando outra fêmea já colocou seu ovinho ali (ela procura outro lugar em casos assim). Os adultos podem gerar até 6 mil descendentes, e vivem por até oito meses.

"Muitas vezes eles já vêm dentro do pacote de comida do mercado para casa, e então começam a nascer. Na hora de comprar macarrão, veja se ele tem manchinhas brancas. Se tiver, são as larvas, então não compre", ensina César Favacho. "Eles são inofensivos, então não se preocupe se comer um por engano."

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Caruncho - Catarina Pignato

Traça (Ephestia kuehniella)

Fã de farinhas, farelos, milho e arroz, a traça pode acabar estragando alimentos que come. A fêmea coloca entre 200 e 300 ovos, e o tempo que um ovo leva para virar uma traça adulta é de em média 40 dias. A mariposa da traça costuma ter 20 mm de envergadura da asas, uma cabeça pequena, globosa e sem tufo de escamas.

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Traça - Catarina Pignato

Formiga fantasma (Tapinoma melanocephalum)

Pequenininha e quase transparente, com no máximo 2 mm e aparência fantasmagórica, não é difícil entender por que ela tem esse nome. A colônia pode mudar seus ninhos de lugar em questão de horas —costumam ficar ao ar livre, mas também podem se esconder em vãos na parede. Seu alimento favorito são os doces, salgados e outros artrópodes, incluindo formigas.

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Formiga - Catarina Pignato

Mosquinha da banana (Drosophila melanogaster)

As frutas podres são o ninho perfeito para a mosquinha colocar seus ovos —cinco de cada vez, 400 no total, em média. Nesta espécie, os machos costumam ser bem diferentes das fêmeas: elas têm listras claras e medem cerca de 2,5 mm, enquanto eles são ligeiramente menores e têm as costas mais escuras, com uma mancha preta na extremidade do abdômen.

Mosca (Musca domestica)

Com até 8 mm de comprimento, as moscas têm olhos avermelhados —nas fêmeas, o espaço entre eles é maior que nos machos. Têm dois pares de asas, um deles usado apenas para dar equilíbrio e estabilizar o voo. Uma mosca vive em média de 25 a 30 dias, e pode por centenas de ovos nesse período. Comem sem parar, e para isso colocam saliva sobre o alimento até dissolvê-lo e conseguir sugá-lo.

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Mosca - Catarina Pignato

SALA

Traça (Tineola bisselliella)

Têm envergadura de 12 mm a 16 mm de comprimento, antenas grossas e escamas cobrindo o corpo, asas e pernas. Comem tecidos e papéis, especialmente quando eles estão recobertos de matéria orgânica, como suor e restos de pele. Vivem cerca de seis meses, mas só poucos dias na fase de mariposa. Habitam os cantinhos e os armários.

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Traça - Catarina Pignato

Aleluia ou siriri (Cryptotermes gestroi)

São aqueles bichinhos que entram em casa voando pela janela e ficam rodando em volta da luz nos dias de calor. Suas asas se desprendem e ficam caídas pelo chão. Vivem em colônias bem numerosas, e constroem seus ninhos em lugares inacessíveis. Lá dentro há os reprodutores, os operários (que buscam alimento) e os soldados, que protegem tudo. Podem comer cadernos, livros, documentos, roupas, entre outros.

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Aleluia - Catarina Pignato

Joaninha (Harmonia axyridis)

Além de muito fofinhas, elas também fazem controle biológico de pragas como os pulgões, que servem de alimento para elas. Seu corpo é ligeiramente convexo, mede até 8,2 milímetros de comprimento e 6,6 milímetros de largura. Suas asas podem ter muitas variações entre o laranja e o vermelho, com 22 bolinhas pretas de tamanho variável. Ficam adormecidas nos meses mais frios, e voltam a passear no outono.

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Joaninha - Catarina Pignato

Maria-fedida (Nezara viridula)

O fedor que ela solta vem de uma secreção de uma glândula no seu tórax, acionada sempre que ela se sente ameaçada. Tem até 15 mm de comprimento e uma coloração que pode variar entre o verde claro e o verde escuro. Podem viver em média 120 dias.

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Maria-fedida - Catarina Pignato

Papa-moscas (Salticidae)

"Elas comem moscas, mosquitos e até baratinhas. Têm ótima visão e ficam nas janelas, porque aprenderam que ali há muitas presas se debatendo", conta César Favacho. "Ela age por emboscada, como um gato. Vai devagarinho por trás e pula na presa, injeta o veneno e depois vai comer. Ela é inofensiva para os humanos." Depois de se alimentar, ela deixa para trás o que sobrou do "jantar", geralmente uma casquinha seca.

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Papa-moscas - Catarina Pignato

Aranha pernalonga (Pholcidae)

Parecem muito frágeis, com suas pernas compridas e bem fininhas que chegam a até 50 mm de comprimento cada. Têm seis a oito olhos e vivem em teias irregulares, geralmente no canto das paredes e do teto. Comem os pequenos insetos que ficam presos nessas teias.

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Aranha pernalonga - Catarina Pignato

BANHEIRO

Mosquinha (Psychoda alternata)

Bem pequenininha, com o corpinho peludo, essa mosquinha vive no banheiro porque coloca seus ovos no ralo, onde fica bastante resto de matéria orgânica —em resumo, restinho de pele da gente, gordura, cabelo etc. Estão na Terra há 170 milhões de anos. Um ovo leva 48 horas para eclodir e a larva sair dali de dentro. Depois de até 15 dias, ela vai virar pupa e se transformar no mosquito adulto.

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Mosquinha de box - Catarina Pignato

Barata (Blattella germanica)

Ela até tem asas, mas não consegue voar — só costuma agitá-las para assustar que estiver ameaçando sua vida. Costuma sair do esconderijo mais perto do entardecer, embora também possa dar seus passeios de dia. Detesta temperaturas muito baixas e quer sempre ficar no quentinho. Come de tudo, inclusive sabão e pasta de dente.

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Barata - Catarina Pignato

QUARTO

Traça (Niditinea fuscella)

Tem hábitos noturnos, com envergadura das asas que pode chegar a 14 mm. Sua cor fica entre o cinza e o marrom, e pode ter uma espécie de "franja" próxima às asas. Come de tudo, de tecidos a papel e até penas de animais.

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Traça - Catarina Pignato

Mosquito (Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti de dia)

Esse todo mudo conhece: é o responsável pelo zum-zum toda vez que a gente dorme. O Culex quinquefasciatus ataca de noite e consegue voar até 22 quilômetros para se alimentar. Já o Aedes aegypti ataca de dia, tem manchas brancas no corpo e nas pernas, e é um dos transmissores da dengue e de outras doenças.

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Mosquito - Catarina Pignato

Pulga (Ctenocephalides)

Existem mais de 2 mil espécies de pulgas no mundo, mas as mais comuns são as Ctenocephalides canis e Ctenocephalides felis, que dão nos cachorros e gatos, respectivamente. As fêmeas colocam cerca de 20 ovos por vez, que podem ficar presas no animal ou cair no ambiente. As larvas comem restos de fezes e sangue seco das pulgas adultas. Adoram morar nas fendas do chão de tacos.

Insetos Folhinha 1103
Pulga - Catarina Pignato

Ácaro da poeira (Pyroglyphidae)

São minúsculos e estão em praticamente tudo, do sofá à cama, dos bichos de pelúcia às almofadas. É que eles moram na poeira que todo mundo tem em casa, e gostam de comer o que fica por ali, como fungos e pele humana em decomposição. Suas fezes podem causar alergia nas pessoas.

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Ácaro - Catarina Pignato

QUINTAL/VARANDA

Lacraia (Scolopendra viridicornis)

Tem um par de patas em casa uma das várias parte do corpo, que é bem comprido e "rebaixado". Na cabeça, um par de antenas, alguns olhos e um aguilhão, espécie de espeto com que ela coloca o veneno nas suas presas. Saem dos esconderijos mais à noite, e gostam de comer larvas e minhocas. O ideal é evitar o contato com elas, porque sua picada pode machucar.

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Lacraia - Catarina Pignato

Tesourinha (Forficula auricularia)

No final do seu corpo, tem um apêndice em forma de tesoura, o que lhe dá o nome popular. Com ele, a tesourinha captura presas e se defende das ameaças. Não é venenosa, embora se costume achar o contrário. Come qualquer tipo de alimento, e gosta de viver em lugares úmidos, com restos de plantas mortas. Mede até 3 cm.

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Tesourinha - Catarina Pignato

Tatu-bolinha (Isopoda)

"Eles têm uma carapaça que, além de ser dura, é bem polida. É uma defesa deles que torna difícil para alguém segurá-los. O ponto fraco deles é a barriga, que é mais mole, então eles viram essa bolinha lisa que o predador não consegue apoiar para abrir", explica César Favacho. Vivem enterrados e se alimentam de matéria orgânica em decomposição. "São crustáceos, aparentados do camarão e do caranguejo, todos de um grupo que tem um monte de perninhas."

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Tatu-bolinha - Catarina Pignato

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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