Nem todo mundo gosta de tomar vacina —alguns têm medo de agulha, outros não curtem o sabor das gotinhas. Mas por que é importante a gente tomar vacina mesmo? E podemos confiar nelas?

Essas são perguntas que o livro "Bel e o Admirável Escudo Invisível" tenta responder, contando como as vacinas são criadas e o que elas trazem de bom —para a nossa saúde e também para a saúde coletiva.

Esse é segundo livro infantil de Bruno Gualano, professor de medicina e colunista da Folha, que continua a história da menina Bel. No primeiro, "Bel, a Experimentadora", ele quis contar que a ciência é lugar todas as crianças questionadoras.

"A ideia é mostrar que uma menina negra pode ser questionadora, investigadora do mundo".

Dessa vez, a personagem apresenta para os seus amigos Carlinhos, Sarinha e Davi seu escudo invisível, a vacina. Para isso, ela conta com a ajuda de um aliado, o Zé Gotinha.

Velho conhecido dos brasileiros, o Zé entra em cena para explicar o funcionamento da vacina depois de uma das crianças comentar que, segundo um tio, elas serviam para colocar um chip nas pessoas.

A ideia, diz o autor, não surgiu com a pandemia, quando muita gente passou a pôr em dúvida a eficácia das vacinas, mas foi acelerada por ela. "Antes dela, o Brasil não tinha um movimento antivacina,
como nos Estados Unidos. Depois, passamos a ter", explica.

"Nosso trabalho [como pesquisador] não termina com a publicação de artigos em revistas científicas", diz o divulgador científico, que já tem mais dois livros programados para a coleção, um deles sobre o bullying.

Bel é inspirada na filha de Bruno, Isabela. Ela tem 8 anos e sempre acompanha o pai em lançamentos. Também estão sempre presentes os contadores de histórias. Isso faz a diferença, ainda mais quando os eventos são feitos em hospitais. "As leituras mudam um pouco o clima, deixam mais divertido", conta Bruno.

A diversidade dos personagens compõe a história: Sarinha e Davi são crianças pardas, e Carlinhos é uma criança branca em tratamento para câncer. As ilustrações são de Catarina Bessell.

Outros personagens também são pensados com propósito: eles homenageiam pessoas que foram importantes para a ciência, como a enfermeira Mônica Calazans e a cientista Ester Sabino.

Mônica foi enfermeira na linha de frente contra a Covid e a primeira brasileira a ser vacinada contra a doença. Já Ester atua no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo e participou do mapeamento de todas as "pecinhas" que formam o novo coronavírus em apenas dois dias, importante para o desenvolvimento de vacinas e testes.

Publicados pela editora Moah!, 80% dos exemplares da coleção serão doados para hospitais infantis e instituições que acolhem crianças em situação de vulnerabilidade, como o Instituto para o Tratamento do Câncer Infantil, em Pinheiros, e o Hospital Infantil Darcy Vargas, no Morumbi.

"Bel e o Admirável Escudo Invisível" é apoiado pela Faculdade de Medicina da USP e pelo A.C. Camargo Cancer Center. Também foram doados exemplares para colégios na Bahia e no Rio Grande do Sul, e ainda há exemplares para doação mediante demanda à editora Moah!.