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Ailton Krenak escreve livro sobre mito indígena para crianças

Em 'Kuján e os Meninos Sabidos', tamanduá e dois garotos pensam sobre as atitudes dos seres humanos na Terra

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São Paulo

Você já deve ter ouvido muitas fábulas sobre castelos, ursos e príncipes. Mas nada dessas coisas existe no Brasil— ou melhor, não originalmente. Mas aos poucos, as prateleiras começam a se encher de histórias sobre bichos, lugares e costumes que têm mais a ver com o nosso mundo.

No livro "Kuján e os Meninos Sabidos" é assim. Nele tomamos contato com uma aldeia em algum canto do interior do país, que recebe a visita de um tamanduá bastante especial. A aldeia tem rituais bastante únicos: por exemplo, os adultos saem para caçar e organizam grandes festas em torno de suas malocas, que são as suas casas.

Capa do livro 'Kuján e os Meninos Sabidos', de Ailton Krenak e Rita Carelli - Divulgação

A obra foi escrita por Ailton Krenak, escritor, filósofo e líder indígena, e conta com ilustrações de Rita Carelli, que embora tenha nascido na cidade grande, passou boa parte da infância dela acompanhando o pai cineasta e a mãe antropóloga entre indígenas.

Na história, acompanhamos Marét-khamaknian, criador do mundo, que resolve voltar à terra para ver como andam suas criaturas, entre elas os homens e as mulheres. Mas ele vem sob a forma de um kuján, isto é de um tamanduá, e sua verdadeira identidade só é sabida por dois meninos, Roti e Cati. Eles aprendem muitas coisas com essa figura que veio de longe.

"Gostaria que as histórias das milhares de nações indígenas espalhadas pelo planeta inspirassem as crianças de todos os continentes do mundo", diz Ailton Krenak em entrevista. E quando ele fala em inspirar, quer dizer mudar a forma como interagimos com o planeta, parando de destruí-lo. "Eu tenho uma esperança de que as crianças que estão vindo ao mundo estejam chegando para salvá-lo. Salvá-lo da mentalidade travada e viciada dos adultos."

Há um pouco disso na história que ele conta. Quando os meninos Roti e Cati perguntam ao kuján o que ele achou dos seres humanos, o bicho responde que achou "mais ou menos" e balança o polegar para cima e para baixo.

"Como somos incompletos é claro que o criador estava, está, ou vai estar, algum dia, descontente conosco", diz Krenak sobre essa visão meio pessimista que o criador tem de suas criaturas.

Para ajudar a contar essa fábula, Rita Carelli conta que teve um cuidado especial ao fazer as ilustrações. "A paisagem do povo krenak, os antigos burum, é o cerrado, as montanhas São as plantas, os bichos, a geografia, o céu daquela região."

Ela, que conviveu em aldeias indígenas na infância, diz que passou a pensar no planeta com mais carinho por causa desse seu passado. "Em uma aldeia que tem o seu ambiente preservado, o rio é nossa segunda casa, sobretudo das crianças. Ouso até dizer que é nossa segunda mãe. É quem nos dá banho, quem brinca conosco do amanhecer ao por do sol, quem mais nos ensina."

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