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'Benzinho' realiza o feito de encontrar grandeza no banal

No drama, Karine Teles vive mãe que sofre baque ao saber que o filho partirá para a Alemanha

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Alexandre Agabiti Fernandez

Benzinho

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Estreia nesta quinta (23)
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Karine Teles, Otávio Müller, Konstantinos Sarris
  • Produção: Brasil, 2017
  • Direção: Gustavo Pizzi

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O cotidiano de Irene (Karine Teles) é uma roda-viva: cuida da casa e dos quatro filhos, atura as angústias e os projetos pouco factíveis do marido (Otávio Müller), faz supletivo à noite, vende lençóis na rua para complementar a renda da família de classe média baixa. E ainda acolhe em casa a irmã Sônia (Adriana Esteves), que está se separando do marido violento (o uruguaio César Troncoso), e o filho desta.

Um belo dia, Fernando (Konstantinos Sarris), seu filho mais velho, de 17 anos, anuncia que foi convidado para jogar handebol profissionalmente na Alemanha. A notícia, que é um baque para Irene, por outro lado é uma oportunidade única para o rapaz. Ele deve partir em 20 dias.

É nesse curto intervalo que transcorrem as ações deste drama sobre a vida de uma família comum. Com rara sensibilidade, o sólido roteiro (assinado por Teles e pelo diretor Gustavo Pizzi) dirige um olhar delicado a esse núcleo de oito personagens.

Destaca a cumplicidade e a solidariedade que os une, apesar das divergências e dificuldades materiais, e assim cativa o espectador. Sem pieguice, miserabilismo ou arroubos melodramáticos.

Num tom coloquial e aparentemente despretensioso, o filme trabalha as várias emoções —forçosamente contraditórias— que envolvem a mãe, figura central da narrativa. A dor da perda, a saudade antecipada, a circulação dos afetos entre todos, o medo de que Fernando não volte, o peso representado pelo excesso de responsabilidades de Irene —que dá mais do que recebe e às vezes explode.

Para esse retrato ser verossímil, é fundamental a expressividade facial de Karine Teles, capaz de transmitir todas as sutilezas do que a personagem sente. A cena final, em que a alegria irrompe em meio à tristeza, mostra muito bem essa capacidade da atriz e sintetiza todo o filme.

O entrosamento entre o diretor e os atores é outro aspecto importante: Teles e Pizzi foram casados, e os dois gêmeos de ambos são filhos de Irene no filme; outro menino é sobrinho da atriz.

A fotografia —com enquadramentos simples e elegantes— e os planos longos e geralmente estáticos em que predominam as linhas horizontais, instalam uma poesia contemplativa que só fortalece os propósitos deste filme que realiza a proeza de encontrar grandeza no banal.

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