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Cinema

'A Sombra do Pai' é bom filme que surge apesar da crise no cinema nacional

Longa de Gabriela Amaral de Almeida tem elementos de horror, suspense e fantasia

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A Sombra do Pai

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Estreia nesta quinta (2)
  • Classificação: 16 anos
  • Elenco: Julio Machado, Nina Medeiros, Luciana Paes
  • Produção: Brasil, 2018
  • Direção: Gabriela Amaral de Almeida

Veja salas e horários e exibição

É uma ironia que talvez lamentemos em alguns anos.

O cinema brasileiro corre o risco de sofrer uma paralisia justamente em um momento em que nomes jovens, na casa dos 30 anos, com estilos diferentes entre si, apresentam vigor e criatividade impressionantes. São especialmente diretoras, como Beatriz Seigner ("Los Silencios", em cartaz) e Marina Meliande ("Mormaço", que estreia nas próximas semanas).

Não duvide se, daqui a algumas décadas, chegarmos à conclusão de que essa geração não pôde desenvolver todo o seu potencial devido às dificuldades de financiamento para a produção dos filmes. Foi o que aconteceu com os cineastas que despontaram no início dos anos 1990 e mal conseguiram filmar por conta do desgoverno Collor.

Faço esse preâmbulo em virtude do lançamento de "A Sombra do Pai", o segundo longa de Gabriela Amaral de Almeida. A jovem diretora avança em relação ao seu primeiro filme, "O Animal Cordial" (2018), que mostrava uma abordagem potente do medo e das tensões sociais.

Conseguiremos acompanhar nos próximos anos a sua evolução? Espero que o receio não tenha razão de ser.

Em "A Sombra do Pai", Dalva (Nina Medeiros) é uma garota de nove anos que se vê diante da responsabilidade de cuidar sozinha de casa. Sua mãe havia morrido anos antes, e o pai, Jorge (Julio Machado), passa o dia no trabalho. A tia Cristina (Luciana Paes), que cuidava de Dalva, distancia-se quando resolve se casar.

A trama se desenvolve a partir daí, com elementos de horror, suspense e fantasia. Existem referências ao clássico "A Noite dos Mortos Vivos" (1968), de George Romero, mas há, sobretudo, um tributo aos filmes de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, diretor que criou um vocabulário fantasmagórico baseado na cultura brasileira. A diretora consegue a proeza de associar até uma festa junina a uma atmosfera apavorante.

Outras qualidades ficam evidentes. É um cinema a serviço da concisão, sem ornamentos que prejudiquem a tensão crescente. Além disso, a cineasta, apoiada pela fotografia e direção de arte, faz do prédio em construção, onde Jorge trabalha, um repositório de aflições. A câmera sabe lidar com os ângulos da arquitetura.

Também reforça esse clima a interpretação de Julio Machado ("Joaquim"). Seu pedreiro-zumbi diz muito sobre as relações de trabalho no país. O terror, afinal, está bem mais próximo do que costumamos imaginar.

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