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'Amazônia Groove' é bom para quem ainda curte a boa e genuína música popular brasileira

Documentário propicia descoberta de figuras ímpares e carismáticas como a cantora Gina Lobrista

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Amazônia Groove

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (6)
  • Classificação: Livre
  • Produção: Brasil, 2019
  • Direção: Bruno Murtinho

Uma câmera percorre o rio num voo rasante. Após algum tempo, essa câmera sobe e revela a imensidão verde da Amazônia. Quem vê a Amazônia do alto acredita que ali possa haver alguma civilização perdida, tamanho o mundo verde que parece interminável.

Um panorama das manifestações musicais da Amazônia paraense, marcas de ecletismo e poesia em diversos gêneros, do tecnobrega ao carimbó e à guitarrada: é o que propõe este “Amazônia Groove”, documentário de Bruno Murtinho.

O filme recebeu elogios de Fernando Meirelles, diz o material para a imprensa. Bom, devem ter achado que era uma boa propaganda, mas para muitos serve mais como antipropaganda.

Temos novamente a classe média descobrindo o Brasil de que poucos falam. Um olhar que pende para o exótico e produz cartões-postais dentro de um certo álibi artístico que se junta ao álibi antropológico e musicólogo.

Mas existe um fator de peso a se considerar. Uma espécie de argumento favorável ao filme e à sua pesquisa. Facilitada ou não pelo acaso, essa pesquisa propicia a nossa descoberta de figuras ímpares e carismáticas como a cantora Gina Lobrista.

Os fãs a chamam de Gina, e seu carisma vai muito além das cantorias no centro de Belém. É uma artista de forte comunicação popular. A empatia com a moça, ou com artistas como Mg Calibre, Sebastião

Tapajós ou Dona Onete, apazigua nossa consciência de classe média e reforça o tom superior com que por vezes o filme parece olhar seus personagens.

Rimos desses artistas conectados em nossas poltronas confortáveis numa sala escura com ar condicionado. Um filme nada popular, que vai ser visto por cinéfilos ou descolados, que procura nos mostrar músicos populares.

Porém, é necessário dar ao diretor o benefício da dúvida. Seu interesse nas pessoas parece legítimo, e seu olhar parece por vezes respeitá-las para muito além da vontade de fazer um filme, digamos, com belas imagens e belas músicas.

Ao menos há o inegável valor de revelar esses artistas para um outro tipo de público, que dificilmente a eles teria acesso. E aí ninguém da produção deve ser responsabilizado que boa parte desse público possa olhar para eles com irritante e falsa sensação de superioridade.

E, por falar em belas imagens, é fato que a natureza sempre ajuda, mas sua direção de fotografia, assinada por Jacques Cheuiche (habitual colaborador de Eduardo Coutinho), foi premiada no festival americano SXSW (South by Southwest).

Ou seja, é um bom programa para quem gosta de ver a natureza através de lentes e ainda curte uma boa e genuína música popular brasileira, com suas ricas variantes.

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