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Cinema

Filme comenta história do regime de Cuba com relatos pessoais

'A Música das Esferas' é uma história de amor e também de política; pode ser assistido como uma ou outra

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A Música das Esferas

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Sábado (27), às 17h
  • Onde: CineSesc, Rua Augusta, 2.075 - Cerqueira César
  • Produção: Cuba, 2018
  • Direção: Marcel Beltrán

Aumenta cada vez mais o número de filmes cubanos que procuram contar e comentar a história do regime da ilha recorrendo a relatos pessoais. "O Tradutor", drama protagonizado por Rodrigo Santoro e exibido no Brasil este ano, é um bom exemplo.

Um documentário emocionante e delicado será exibido no Festival Latino e também segue essa proposta. "A Música das Esferas", de Marcel Beltrán, percorre Havana e pequenas cidades de Cuba numa viagem de reencontro com o passado.

Imagem do documentário cubano 'A Música das Esferas' - Divulgação

O filme mostra o casal de artistas plásticos Mauricio e Regina, pais do diretor. Agora sexagenários, trabalham como restauradores. A narrativa começa com os dois viajando a Moa, para restaurar uma pintura do próprio Mauricio. Para isso, reabrem o Ateliê Experimental, onde jovens artistas plásticos costumavam fazer trabalho social com a população nos 1970 e 1980. Foi nesse lugar que Mauricio e Regina se conheceram, e de lá eles seguem viagem para outras cidades e vilas, reencontrando amigos e parentes.

A primeira informação que o filme fornece, na narração do próprio diretor, é que a família de Regina, branca e de classe média pré-revolução, nunca aceitou seu casamento com Mauricio, mulato de origem pobre. Os parentes dela perderam muito no novo regime, e os parentes dele, como o filme mostra, continuam com uma vida simplória.

Mauricio e Regina, com intensa formação intelectual, parecem ter criado um exílio particular dentro da vida política cubana, concentrando atenção no trabalho criativo. Na família de Mauricio há pessoas que se dedicaram com fervor à revolução, e essas transmitem um sentimento de decepção com a situação atual.

A "música das esferas" é o nome dado pelos antigos filósofos gregos para uma suposta existência de relação divina e/ou matemática entre microcosmos e macrocosmos. O título do filme já define a intenção de Marcel Beltrán relacionar a vida de seus pais com a trajetória cubana. Ele cumpre o intento sem impor regras, há uma fluidez na narrativa que permite várias interpretações.

O único momento em que o casal se separa é quando ela vai à casa de sua família, para a festa de 85 anos da mãe. Mauricio não está convidado, demonstrando que a rejeição a ele nunca diminuiu. Feridas ainda não cicatrizadas ficam expostas.

Encantador, o documentário "A Música das Esferas" é uma história de amor e também de política. Pode ser assistido como uma ou outra. Talvez o melhor seja deixar as duas se misturarem.
 

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