Depois de fazer graça na internet, Bruno Aleixo chega ao cinema frouxo e enfadonho
Sucesso português no YouTube, com algum impacto também no Brasil, é um ewok disfarçado de cachorro
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Sucesso português no YouTube, com algum impacto também no Brasil, Bruno Aleixo é um personagem carismático, na verdade um ewok disfarçado de cachorro —lembram de “O Retorno de Jedi”, da série “Star Wars”?—, que finalmente ganha seu longa-metragem, “O Filme do Bruno Aleixo”.
Dirigido pelos criadores do personagem, João Moreira (que também o dubla) e Pedro Santo, o filme mostra o processo de nascimento de outro longa, que o protagonista pretende fazer com a ajuda de seus amigos Homem do Bussaco (espécie de monstro peludo, tipo Chewbacca), Busto (um busto de Napoleão) e Renato Alexandre (inspirado em “O Monstro da Lagoa Negra”).
Bruno Aleixo é vivido no filme dentro do filme pelo ator Adriano Luz (“Mistérios de Lisboa”). Em dado momento, eles discutem a possibilidade de dublarem os atores, o que rende uns cinco minutos de gargalhadas. Há até um falso final, à maneira do hollywoodiano “Vice”.
Em outra cena, o biografado decide inserir um comercial no meio do filme, dizendo que agora é comum, e se chama “product placement”, para descrédito dos amigos. É um entendimento equivocado do conceito, e o filme alcança certa graça com essas confusões.
A estratégia de Moreira e Santo lembra, por vezes, o mineiro “Samba-Canção” (2002), de Rafael Conde, em que um personagem pretende fazer um filme, mas vai adaptando-o ao orçamento cada vez menor que tem em mãos, com o formato sendo modificado dos 35 mm em cores e cinemascope da ideia original até chegar ao vídeo. Terá sido inspiração?
Mas o que funciona muito bem no YouTube nem sempre alcança o mesmo potencial num longa. Neste caso, sempre que abandona ou atenua o tom debochado, “O Filme do Bruno Aleixo” perde força.
A primeira ideia, por exemplo, é muito longa e enfadonha, criando um indesejável buraco no ritmo. Em sua encenação, durante boa parte, há o abandono do tom irreverente e uma busca por uma relativa sobriedade que contrasta com todo o resto. O problema é que essa busca é cinematograficamente pobre.
Há também a ideia de mostrar a festa numa república. Ou numa agremiação acadêmica? Ou numa república? E os atores aparecem ora trajados socialmente, ora com visual esportivo, conforme a memória leva para um ou outro lugar.
O longa todo, por causa de sua proposta, é muito irregular. Conseguimos nos divertir quando o universo galhofeiro que nos acostumamos a ver no YouTube dá as caras (a dublagem, o filme noir, a sitcom do canal Sic). No enchimento, o filme torna-se frouxo.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters