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Cinema

'O Clube dos Canibais' convida ao suspense com trama de filme trash tratada com elegância

Filme de Guto Parente mostra uma elite conservadora e hipócrita

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O Clube dos Canibais

Avaliação: Ótimo
  • Classificação: 18 anos
  • Elenco: Tavinho Teixeira, Ana Luiza Rios e Pedro Domingues
  • Produção: Brasil, 2018
  • Direção: Guto Parente

Sob certo ponto de vista, "O Clube dos Canibais" é um filme de maturidade. De Guto Parente, o diretor, de Ricardo e Luiz Pretti, os irmãos montadores, mas também, indiretamente, do pessoal da extinta Alumbramento, produtora cearense que errou e acertou em altas doses, mas nunca pecou por falta de ousadia.

Se o que faltava a "O Estranho Mundo de Ezequiel" (2016), solo anterior de Parente, ou a "O Último Trago" (2016), dos Pretti e de Pedro Diógenes, era uma base dramatúrgica mais sólida para segurar as pequenas invenções, a hábil exploração do suspense demonstrada em "A Misteriosa Morte de Pérola" (2014), que Parente dirigiu com Ticiana Augusto Lima (também produtora), é retomada em "O Clube dos Canibais".

O ótimo e ainda subestimado ator Tavinho Teixeira interpreta Otávio, membro de uma elite conservadora e hipócrita que prega costumes tradicionais, mas adora sexo, traição, sangue, promiscuidade e crimes hediondos em medidas desinibidas.

Sua esposa é Gilda (Ana Luiza Rios), mulher ambiciosa e fútil que entra nos jogos do marido apesar de ser vetada em algumas reuniões do clube que dá nome ao filme.

Já no começo, ela atrai um empregado, faz sexo com ele para, no momento do êxtase, ver o crânio do parceiro rachado por seu marido, que estava escondido praticando o onanismo. Após o ritual de sangue, eles assam a carne do morto e comem como se fosse uma suculenta picanha.

Essa trama de filme trash é tratada com elegância, o que causa inicialmente um estranhamento, mas aos poucos somos tragados pela eficiência da direção: formato scope (a tela mais retangular de cinema), câmera no tripé ou movendo-se criteriosamente, cortes precisos dentro de uma concepção clássica, fotografia expressionista de Lucas Barbi, que nos convida ao suspense.

Nesse sentido, sente-se bem a segurança de todos os envolvidos. As subtramas entram de modo inteligente: o rapaz que precisa desesperadamente de emprego, o chefe que é apanhado em uma situação que o deixará constrangido, a organização secreta que envolve assassinatos brutais.

Exibido em diversos festivais, com destaque para o de Rotterdam e o BAFICI, em Buenos Aires, "O Clube dos Canibais" não está livre de certas escolhas: o que se esconde e o que se mostra, no último ato, talvez não tenha sido o ideal. Mas é inegável a força desse conjunto fortalecido por um elenco todo afiado, dos principais aos secundários.

E, afinal, num filme de gênero pode ser importante nos divertirmos com algumas opções inteligentes no desenrolar da trama. Guto Parente sobe um degrau.

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