Teatro em 2020: guerras culturais continuarão a ocupar os palcos

Com mudanças na Rouanet, musicais retomarão o fôlego, e alta do dólar pode dificultar vinda de companhias estrangeiras

Já é assinante? Faça seu login

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

As tentativas de censura e os cortes de incentivo por parte do governo que ocuparam as manchetes de jornais nos últimos meses devem continuar neste ano que se inicia.

Se, por um lado, isso deve fazer com que temas sensíveis ao bolsonarismo sejam menos frequentes entre as peças que fazem uso de dinheiro público, por outro é possível que as montagens patrocinadas pelo setor privado e as curadorias dos festivais apostem em temas mais arrojados.

Setor privado
Temas relacionados a gênero, ditadura militar e sexualidade serão menos frequentes entre as peças subsidiadas pelo governo, mas mais presentes no setor privado.

Cena do espetáculo 'Caranguejo Overdrive', que seria exibido no CCBB do Rio de Janeiro e foi suspenso. Folhapress/Lenise Pinheiro

Cena do espetáculo 'Caranguejo Overdrive', que seria exibido no CCBB do Rio de Janeiro e foi suspenso. Folhapress/Lenise Pinheiro

Cena da peca 'Gritos', da companhia Dos a Deux, que seria apresentada pela Caixa Cultural em Brasília. /Renato Mangolin/Divulgacao

Cena da peca 'Gritos', da companhia Dos a Deux, que seria apresentada pela Caixa Cultural em Brasília. /Renato Mangolin/Divulgacao

Cena do espetáculo 'Abrazo', da Cia. Clowns de Shakespeare, que fala sobre regimes autoritários e foi cancelado pela Caixa Cultural. /Rafael Telles/Divulgação

Dólar
A alta do dólar —a moeda fechou o ano a R$ 4,02—, pode afetar de maneira significativa a vinda de companhias estrangeiras para o país.

Guerra cultural
Com o direcionamento ideológico na Cultura, podem ser mais frequentes nos palcos as pautas religiosas e o revisionismo histórico sobre a ditadura militar.

O ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo André Sturm é o novo secretário do Audiovisual do governo federal. Sturm, que é programador do cinema Petra Belas Artes, havia assumido a pasta após passar pela direção do Museu da Imagem e do Som, cujo público havia ampliado de 40 mil (em 2009) para 446 mil (2016), com mostras interativas e de veia popular. Também ficou conhecido por ter liderado movimento contra o fechamento do Cine Belas Artes, na esquina da avenida Paulista com a Consolação, até 2014 ameaçado pela especulação imobiliária. Folhapress/Mathilde Missioneiro

Rafael Nogueira foi nomeado novo presidente da Biblioteca Nacional. Em sua conta no Twitter, na qual tem mais de 40 mil seguidores, o seguidor de Olavo de Carvalho se autoproclama "aspirante a filósofo e a polímata", declara apoio a Jair Bolsonaro. Ele deve assumir o lugar de Helena Severo, que colocou o cargo à disposição na sexta (29). Folhapress/Bruno Santos

Maestro e doutor em música pela Universidade Estadual de Londrina, Dante Henrique Mantovani foi nomeado presidente da Funarte. Ele é autor de livros sobre música clássica, tem programa de rádio, dá curso na internet e é também youtuber. Ele afirma que o fascismo é de esquerda, diz que fake news é um conceito globalista para impor a vontade da imprensa, chama a Unesco de máquina de propaganda em favor da pedofilia. Mantovani também é membro da Cúpula Conservadora das Américas. Ele substitui Miguel Proença, exonerado em novembro. Reprodução/

Sérgio Nascimento de Camargo: "Negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto", como ele se define em seu perfil nas redes sociais, é o novo presidente da Fundação Palmares, órgão responsável por promover a cultura de matriz africana. O jornalista também já disse que o Brasil tem racismo nutella e que racismo real existe nos EUA. Ele ocupa o lugar de Vanderlei Lourenço. /

Camilo Calandreli: agora à frente da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura órgão que formula as diretrizes gerais dos mecanismos de fomento como a Lei Rouanet Calandreli é cristão, conservador, apoiador de Bolsonaro e seguidor de Olavo de Carvalho. Formado em música pela USP, é fundador do Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto (SP), um dos principais eventos de articulação da nova direita e já acusou a Lei Rouanet de "marxismo cultural". Reprodução/Facebook/Camilo Calandreli/

Janicia Ribeiro Silva: Conhecida como reverenda Jane Silva, ela assume a Secretaria de Diversidade Cultural. Presidente da empresa Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócio, Silva usa suas redes sociais para apoiar o governo Bolsonaro e Roberto Alvim. "Há esperança para o Brasil através da Cultura. O atual Secretário da Cultura Roberto Alvim, começa a limpar a imagem do Brasil no exterior! Parabéns Secretário", escreveu em seu Facebook no dia 23 de novembro sobre a viagem do secretário à Europa. Reprodução/Facebook/

Reynaldo Campanatti Pereira: O novo secretário da Economia Criativa é doutor em história econômica pela USP e professor de ensino superior. Paulista, foi candidato no ano passado a deputado federal pelo Patriota, mas, com 14.565 votos, não foi eleito. No Facebook, apoia o governo de Jair Bolsonaro. Reprodução/Facebook/

José Paulo Soares Martins: Após liderar a secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura cargo agora ocupado por Calandreli , ele assume como secretário Especial Adjunto da Secretaria Especial da Cultura. Folhapress Folhapress/Marcus Leoni

Letícia Dornelles: A roteirista e atriz assumiu a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, responsável por manter acervo de personalidades de destaque no país, e foi criticada no meio por não ter perfil acadêmico nem ter sido indicada pelos funcionários do órgão . Reprodução/Twitter/

Edilásio Barra: Conhecido como Tutuca, o apresentador, pastor e colunista social chegou a ser cogitado para assumir a Secretaria do Audiovisual, mas assumiu a Superintendência de Desenvolvimento Econômico da Ancine, com a tarefa de gerir os recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. Reprodução/

Naura Schneider: A atriz e cineasta foi nomeada pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, como nova diretora do Centro de Artes Visuais da Funarte. O departamento de artes visuais cuida de fotografia, de artes plásticas e é, sem dúvida, um universo novo e encantador, disse, na época, em comunicado divulgado por sua assessoria de imprensa. Schneider já foi diretora do Departamento de Ações Temáticas no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Divulgação/

Roberto Alvim: Nomeado para o cargo de secretário da Cultura, subpasta que substituiu o ministério extinto, o diretor teatral chegou a chamar a atriz Fernanda Montenegro de 'sórdida' e convocou, nas redes sociais, "profissionais conservadores" para "criar uma máquina de guerra cultural". Folhapress/Bruno Santos

Festivais mais ousados
Festivais devem se contrapor às pautas conservadoras, com escolhas mais ousadas e um olhar sobre a representatividade de negros e transexuais.

Musicais
Retomarão fôlego depois de um ano difícil, em que o teto da Rouanet foi de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão. Agora, governo elevou para R$ 10 milhões o teto no setor.

Obra na 33º Bienal de São Paulo, parte da obra "Esquizofrenia da Forma e do Êxtase" (2017-2018); plano anual do evento captou R$ 13,6 milhões pela Rouanet em 2018. www.fotoarena.com.br/Daniel Lins

Instalação de Nelson Felix na 33º Bienal de São Paulo, parte da obra "Esquizofrenia da Forma e do Êxtase" (2017-2018); plano anual do evento captou R$ 13,6 milhões pela Rouanet em 2018. Leo Eloy / Estúdio Garagem / Fundação Bienal de São Paulo/Leo Eloy

Atores ensaiam cenas do musical "O Fantasma da Ópera" no Teatro Renault, em São Paulo (SP); espetáculo captou R$ 11,1 milhões pela Lei Rouanet em 2018. FLAVIO CORVELLO/Futura Press/Fol/FLAVIO CORVELLO/Futura Press/Fol

Atores ensaiam cenas do musical "O Fantasma da Ópera" no Teatro Renault, em São Paulo (SP); espetáculo captou R$ 11,1 milhões pela Lei Rouanet em 2018. dorival rosa/

Cena do evento Open Air, que captou R$ 10 milhões pela lei Rouanet em 2018. /Divulgação

Cena do espetáculo "A Pequena Sereia", que captou R$ 9,6 milhões pela lei Rouanet em 2018. /Cintia Carvalho

Cena do espetáculo "A Pequena Sereia", que captou R$ 9,6 milhões pela lei Rouanet em 2018. /Cíntia Carvalho

O Museu do Amanhã, no Rio; plano anual da entidade captou R$ 9,4 milhões pela lei Rouanet em 2018. /

Marin Alsop rege a Osesp; plano anual de atividades da orquestra captou R$ 8,7 milhões pela lei Rouanet em 2018 . Rodrigo Menck/Divulgação/Rodrigo Menck/Divulgação

O regente Lee Mills conduz a Orquestra Sinfônica Brasileira; plano anual de atividades do grupo captou R$ 9,4 milhões pela lei Rouanet em 2018. Cicero Rodrigues/Divulgação/

Fachada da Pinacoteca do Estado de São Paulo; plano anual da entidade captou R$ 8,6 milhões pela lei Rouanet em 2018. /Henrique Barreto/Futura Press/Fo

Obra de Jean-Michel Basquiat; exposição do artista no CCBB captou R$ 8,5 milhões pela lei Rouanet em 2018. AFP/DON EMMERT

Cena de exposição no Instituto Tomie Ohtake; plano anual da entidade captou R$ 8,5 milhões pela lei Rouanet em 2018. www.fotoarena.com.br/Daniel Lins

Cena dos festejos de Natal no Palácio Avenida, em Curitiba (PR); evento captou 8,1 milhões pela lei Rouanet em 2018. /Gel Lima/Codigo19/Folhapress

Fachada do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo; plano de reconstrução do local após incêndio captou R$ 7,6 milhões pela lei Rouanet em 2018. Folhapress/Diego Padgurschi

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas

Principais do dia

Governo Lula

Governo Lula deve dar voucher de R$ 5 mil por família desabrigada no RS

A ideia é que 100 mil famílias sejam beneficiadas

13.mai.2024 às 15h32

BBC News Brasil

Nova inundação recorde, frio e ventos no Rio Grande do Sul: veja locais que devem ser mais afetados, segundo previsão

Situação no estado deve se agravar neste início de semana, com risco de novo recorde de inundação no Guaíba

13.mai.2024 às 8h53

Folhajus

Moraes põe freio em ofensiva contra bolsonarismo e reduz tom em decisões

Magistrado e aliados evitam determinações rígidas em episódios como o da embaixada da Hungria e no julgamento de senador

13.mai.2024 às 12h07