Edital 'dignificante' de Alvim não bancaria metade de um 'O Fantasma da Ópera'
Secretário de Cultura de Bolsonaro caiu após vídeo com trechos de Goebbels em que falava do programa de R$ 20 milhões
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O edital anunciado por Roberto Alvim na noite de quinta (17) era muito pequeno para o estrago que fez.
Foi para anunciar R$ 20 milhões em um programa na subpasta da cultura —valor que não corresponde nem à metade de um espetáculo musical de São Paulo como "O Fantasma da Ópera", segundo orçamento de 2018— que o secretário da Cultura encerrou sua carreira política no governo Bolsonaro.
Em vídeo em que divulga o edital, Alvim escorregou em uma casca de banana, como ele mesmo diz. O discurso do secretário de Bolsonaro tinha trechos muito semelhantes a um pronunciamento de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler na Alemanha Nazista. Alvim diz que as semelhanças ocorreram por causa de "uma coincidência retórica".
Ele havia falado em live com Bolsonaro —vídeo também publicado na página do presidente no Facebook na noite de quinta— que esses R$ 20 milhões simbolizavam o que chamava de "renascimento" da arte brasileira, uma arte conservadora e que, em suas palavras, "dignifique o ser humano".
Em termos de recursos, era um enaltecimento fora de medida. A título de comparação, só o Proac Paulista anunciou para o ano passado mais de R$ 150 milhões. A Lei do Fomento ao Teatro de São Paulo, um programa municipal e portanto de escala reduzida, teve orçamento de R$ 8 milhões em 2019.
Na própria subpasta da Cultura de Bolsonaro, a Funarte anunciou para o exercício deste ano um investimento de cerca de R$ 38 milhões e são debatidos R$ 700 milhões de aportes diretos do governo para o audiovisual, com recursos do chamado Fundo Setorial.
A própria Lei Rouanet, em 2018, aprovou aportes de R$ 26 milhões ao musical "O Fantasma da Ópera", por meio de incentivo fiscal. O teto para musicais da lei, no fim do ano passado, era de R$ 10 milhões, metade do valor anunciado por Alvim, portanto.
O programa federal de R$ 20 milhões que crava o fim da trajetória de Alvim no governo seria destinado a cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.
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