Siga a folha

Em rap, MV Bill alerta sobre riscos do coronavírus em favelas brasileiras

As pessoas 'não estão acreditando na letalidade desse vírus', diz o rapper carioca, que lançou a música 'Quarentena'

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro | Reuters

O rapper MV Bill acrescentou sua voz ao coro de críticas ao presidente Jair Bolsonaro por minimizar a gravidade da nova epidemia de coronavírus que atinge o Brasil em um clipe que pede que as pessoas se protejam.

Seu rap “Quarentena”, gravado em isolamento em sua casa e publicado nas redes sociais, alerta que o contágio pode ser explosivo nas abarrotadas favelas brasileiras, como a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, onde nasceu, algumas das quais não têm saneamento básico.

Ver que brasileiros e seu presidente não estavam levando o vírus mortal a sério o motivou a escrever a música, afirmou o rapper à Reuters, por email, neste sábado (28).

“A Organização Mundial de Saúde avisou. Fizeram pouco caso. Chefe de Estado minimizou. Demorou. Perderam tempo com coisa que não interessa”, canta.

A Covid-19 não é uma “gripezinha”, como caracterizou Bolsonaro, e mais brasileiros serão infectados devido à “ignorância” e à “arrogância” do presidente, disse o cantor.

“Cuide-se. Proteja-se, vai faltar espaço na UTI”, alerta na música.

O rapper de 46 anos vive próximo à Cidade de Deus, complexo de favelas famoso pelo filme de 2002 que leva o mesmo nome e onde os primeiros casos de coronavírus nas favelas do Rio de Janeiro foram relatados, no último fim de semana. Gangues armadas e milícias nas favelas estão impondo rígidos toques de recolher para evitar a disseminação do vírus e impedindo que pessoas de fora entrem.

Os casos confirmados no Brasil somam 3.904, com 114 mortes até agora, segundo o Ministério da Saúde.

São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados mais populosos e afetados do Brasil, fecharam negócios não-essenciais e limitaram aglomerações públicas para conter a disseminação do vírus, com suas autoridades em conflito com Bolsonaro, que chamou a pandemia de “fantasia” exagerada pela imprensa.

Como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente brasileiro advogou a favor de reabrir as atividades para mover a economia, minimizando a necessidade de distanciamento social propagada por especialistas de saúde.

O rapper MV Bill disse que os moradores das favelas brasileiras não seriam capazes de entrar em quarentena porque precisam trabalhar e descer para buscar comida porque ninguém entrega na favela.

Disse que a economia tinha de continuar funcionado para quem tem salários precários. “Acho que um ponto importante é o Brasil não parar. As coisas precisam continuar funcionando, a gente precisa também pensar na economia, mas a gente não pode condenar as pessoas à morte”, disse.

“Uma das coisas que mais me preocupa nesta pandemia é a falta de informação das pessoas, que ainda não estão acreditando muito na letalidade desse vírus,” afirmou, por email. “Mesmo tendo exemplos como na Itália, ainda tem pessoas que estão ignorando.”

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas