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Lázaro Ramos diz que teve medo de interpretar detetive Espinosa no cinema

'É um personagem cheio de expectativas', diz o ator sobre o protagonista dos romances de Luiz Alfredo Garcia-Roza

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São Paulo

Das muitas ausências que deixa o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, morto nesta quinta (16), no Rio de Janeiro, aos 84 anos, uma será especialmente sentida pelos seus fãs.

É o detetive Espinosa, personagem que nasceu no seu primeiro romance, "O Silêncio da Chuva", de 1996, e que o acompanhou até a sua derradeira obra, "A Última Mulher", lançada no ano passado.

O tipo é um funcionário público de meia-idade que desvenda crimes brutais no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, é extremamente íntegro. É essa "ética muito particular" de Espinosa, diz Lázaro Ramos, que o torna interessante.

Ramos interpreta o detetive numa adaptação ainda inédita de "O Silêncio da Chuva" para a tela grande, dirigida por Daniel Filho. Antes dele, o papel já foi de Domingos Montagner, na série do GNT "Romance Policial - Espinosa".

Lázaro Ramos em cena da adaptação de Daniel Filho para 'O Silêncio da Chuva', de Luiz Alfredo Garcia-Roza - Reprodução

"É um personagem que inspira, um homem que trabalha com a lei, mas que também é cheio de conflitos. Quando fui fazê-lo no cinema, fiquei com medo, porque sei que é um personagem cheio de expectativas, pela mítica que se criou em torno dele. Merecida, pois a escrita do Garcia-Roza é muito especial", afirma o ator, que considera o autor "fundamental" para o país.

Criador de outro investigador célebre da literatura nacional, Remo Bellini, o autor e músico Tony Bellotto afirma que "o Bellini e o Espinosa estão tristes hoje com a morte do Garcia-Roza". "Nunca me esqueço que estava lançando um dos meus livros e, antes que tivesse publicado o primeiro romance, Garcia-Roza apareceu na fila de autógrafos e falou que também escrevia livros policiais."

Bellotto ainda aponta a coincidência entre as datas das mortes do autor e de Rubem Fonseca, vítima de uma parada cardíaca nesta quarta (15), dois dos "mestres absolutos" da literatura policial do país.

"Cáspite! Parece uma piada mórbida, um joguete de deuses maldosos e infantis, como Deus e o Diabo na parábola de Jó", fez coro, no Twitter, o roteirista Paulo Halm, que adaptou "Achados e Perdidos" para o cinema ao lado do diretor José Joffily.

​Os escritores João Paulo Cuenca e Benjamin Moser também comentaram a morte de Garcia-Roza na rede social. O primeiro foi mais sucinto: "Inacreditável", escreveu. Já o segundo, autor de biografias sobre Clarice Lispector e Susan Sontag, contou que traduziu alguns títulos de Garcia-Roza para o inglês e que gostava tanto dele quanto de seu protagonista usual.

Luiz Schwarcz, seu editor na Companhia das Letras, diz achar que Espinosa e outros personagens de Garcia-Roza são tão amados porque o escritor canalizava neles seus aprendizados na psicanálise e na filosofia, duas disciplinas que lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ.

"Seu olhar para os personagens era esse, cheio de humanismo, como se não se pudesse ser um grande escritor de policiais sem ter sido um mestre em filosofia", diz Schwarcz. "O Brasil perde hoje um grande professor, um escritor exemplar, e um poço de bondade."

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