'Aos Olhos de Ernesto' tem conflito de valores temperado com humor
Filme de Ana Luiza Azevedo mostra jogo de confiança entre homem de 80 anos, quase cego, e garota de cerca de 20
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De vez em quando há filmes que a gente não esquece, mesmo quando vistos décadas atrás. Um desses casos, para mim, é “3 Minutos”, curta-metragem de Ana Luiza Azevedo que se passava em exatos três minutos.
“Antes que o Mundo Acabe”, de 2009, não foi tão memorável assim, mas este “Aos Olhos de Ernesto” é uma outra volta no parafuso da mesma questão que propõe a autora –o tempo. O correr do tempo, o escoar dele, a sua perda, o seu reencontro.
É nisso que reside o essencial da trama que tem por centro Ernesto (Jorge Bolani, ótimo ator), um homem uruguaio de quase 80 anos que vive em Porto Alegre. Ernesto é, além disso, viúvo e quase cego, razão para que o filho insista em o levar a São Paulo para morar com ele.
Ernesto tem suas convicções. Ao contrário. Ao cruzar com a jovem Bia, papel de Gabriela Poester, Ernesto desconsidera os pequenos defeitos da garota e, especialmente, a enorme diferença de valores entre os dois. Bem natural, digamos, de passagem –um homem com quase 80 anos e uma garota com pouco mais de 20 veem o mundo de forma diferente, mas no essencial Ernesto parece discordar da mania de desconfiança que assola o país.
É armado então um jogo em que Ernesto deve ganhar a confiança de Bia, enquanto esta deve assimilar algumas ideias de Ernesto.
Nada disso, entenda-se, não é senão o pretexto para um filme de tempos longos, ao longo dos quais essa trama (e outras paralelas) vão se desenvolver.
Existe certa tensão ao vermos um velho quase cego entregue a uma menina que não parece inteiramente responsável, que é capaz mesmo de, na primeira visita, levar algum dinheiro da casa (dinheiro, diga-se, que ele deixou de propósito para a testar). Mas existe também humor, seja nas relações com o vizinho, também idoso, seja no fato de Bia ler as cartas que ele recebe e, por causa da deficiência visual, não consegue decifrar.
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