Siga a folha

MPF pede afastamento de diretora do Iphan após fala de Bolsonaro em vídeo

Segundo o órgão, houve desvio de finalidade na nomeação da servidora, que não é especializada em patrimônio

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O Ministério Público Federal, o MPF, pediu nesta quinta o afastamento da presidente do Iphan, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, após a divulgação de um vídeo no qual o presidente Jair Bolsonaro afirma que as nomeações que faz para o órgão do patrimônio têm como finalidade "não dar dor de cabeça".

Ele falava para uma plateia de empresários na Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na noite de quarta.

Presidente Jair Bolsonaro em evento da Fiesp, no dia 15 de dezembro de 2021, no qual afirmou que, após suas nomeações, o Iphan 'não dá mais dor de cabeça para a gente' - TV Brasil no Twitter

No vídeo, que circulou amplamente nas redes sociais, Bolsonaro diz que que demitiu diretores do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, depois que a instituição interditou uma obra do empresário Luciano Hang, um de seus mais notórios apoiadores.

Bolsonaro afirmou ter ficado sabendo que um pedaço de azulejo apareceu durante as escavações para a construção de uma loja da Havan, o que teria motivado as demissões.

"O que que é Iphan, com 'ph'?", pergunta Bolsonaro. "Explicaram para mim, ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá." Os empresários riram e aplaudiram. "O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente", acrescentou Bolsonaro, dizendo ainda que havia muitos políticos interessados nos cargos da entidade e que o Iphan tem um poder de barganha "extraordinário".

Ao pedir o afastamento da presidente do órgão, o Ministério Público alega que "não há oposição de dúvida razoável sobre o desvio de finalidade na nomeação" de Dutra.

O MPF já havia tentado impedir a nomeação de Dutra em junho do ano passado com o mesmo argumento, mas baseado no fato de que seu marido, Gerson Dutra, atuou como segurança particular de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018.

O casal é próximo de Leonardo de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos do presidente. À época, a liminar do MPF foi suspensa pelo desembargador federal Guilherme Diefenthaeler, que considerou não haver incompatibilidade da escolhida com o cargo administrativo. O jurista argumentou que ela trabalha no Ministério do Turismo há 11 anos, tendo ingressado por meio de concurso público e ocupado diversos cargos.

Dutra tem formação em hotelaria pelo Centro Universitário do Triângulo e trabalhava na área até ser nomeada para chefiar o Iphan. Ela havia comandado o Gabinete da Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Competitividade do Turismo, no Ministério do Turismo, e o Gabinete da Secretaria Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo. Atualmente, cursa uma pós-graduação em gestão estratégica de marketing, planejamento e inteligência competitiva.

Já segundo o Ministério Público Federal, ela não possui a qualificação necessária para presidir o Iphan. Isso porque não obteve formação acadêmica em área relacionada a tombamento, conservação, enriquecimento e conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas