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Filme 'A Felicidade das Coisas' tem pouca ação e falhas comprometedoras

Estreante Thais Fujinaga observa as férias de uma família de classe média que quer montar uma piscina

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A Felicidade das Coisas

Avaliação: Regular
  • Onde: Em cartaz nos cinemas
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Patrícia Saravy, Magali Biff, Messias Gois
  • Produção: Brasil, 2021
  • Direção: Thais Fujinaga

Filmes em que pouca coisa acontece são fascinantes, porém difíceis. Em "A Felicidade das Coisas", a estreante Thais Fujinaga se dedica às férias de uma família de classe média que comprou uma casa na praia e deseja, ali, montar uma piscina.

Paula, a mulher, é quem segura todas. O marido, que supostamente trabalha, não manda o dinheiro para os materiais, os operários interrompem a obra, os dois filhos pequenos ficam à deriva, sem ter o que fazer, a sentenciosa mãe mais atrapalha do que ajuda, um homem que vem pescar no rio que passa ao lado da casa a irrita.

Cena do filme 'A Felicidade das Coisas' (2022), de Thaís Fujinaga - Divulgação

O argumento é promissor. A trama, afinal, põe em cena uma família de classe média, coisa que pouco se tenta nos filmes brasileiros. A família em questão passa por dificuldades que talvez decorram da prolongada crise econômica.

Suas aspirações (ou as de Paula, em todo caso) parecem levar apenas a frustrações. Para completar, Paula está em fim de gravidez. Uma gravidez que não parece aplacar a angústia nem trazer esperanças a ela.

É como se pessoas dessa classe social, que pensam muito em si mesmas e sonham com um futuro de menos aperto e alguma diversão, não tivessem direito senão à parte árida da vida. São diferentes dos pobres, claro, que apenas desejam que a comida da casa chegue ao final do mês, não chegam nem sequer ao estágio da frustração.

No entanto, parece que o destino dessa classe média encarnada por Paula e família está espelhado nas ruelas tristes e descuidadas da cidade praieira.

A piscina parece uma ideia característica da "fuite en avant" levada a efeito por Paula. É como se ela fosse resolver o desinteresse do marido, o filho pudesse resolver, assim, a ausência de contato com outros garotos, e a filha tivesse outro interesse que não vigiar os movimentos do irmão.

Tudo parece bem resolvido nesse nível. Mas filmes com pouca ação são exigentes e nos levam a notar as menores falhas. No caso de "A Felicidade das Coisas" essas falhas são maiores.

Estão, por exemplo, na frouxidão dos enquadramentos, na luz sem encanto, no fato de esses aspectos aparentemente não interessarem senão marginalmente à autora.

O complemento desse problema é implacável –a direção de arte talvez pretendesse enfatizar a falta de gosto (ou precariedade, dá no mesmo) do mobiliário e das roupas desses personagens. Talvez buscasse simplesmente um tratamento realista.

O resultado, porém, incide sobre as imagens com força, de tal modo que as cores parecem nunca compor um conjunto minimamente harmonioso. Mas também não desprovido de harmonia. Parece apenas desarranjado.

Quando se volta à natureza, ao contrário, Fujinaga faz os seus planos mais felizes. Sobretudo os que envolvem a água, seja do mar, seja do rio ou mesmo da piscina e até da chuva.

Não que em outros territórios não surjam, aqui e ali, boas ideias, como a do clube que mal se consegue ver através das grades (que apenas dão relevo a mais um desejo não realizado) ou que, durante a festa que acontece ali, aparece barrado por um pesado muro (não por acaso, a aventura noturna do menino é provavelmente o ponto mais interessante do filme).

No geral, no entanto, "A Felicidade das Coisas" esbarra talvez na inexperiência da cineasta, talvez nos limites orçamentários que os tempos atuais impõem aos filmes, e resulta em grande medida num conjunto insuficiente.

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