Morre Heloisa Jahn, uma das principais tradutoras do país, aos 74 anos
Gaúcha teve carreira destacada como editora e trouxe ao português autores como Cortázar, Borges e Orwell
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A tradutora e editora Heloisa Jahn, uma das mais reconhecidas profissionais de seu campo no país, morreu em sua casa em São Paulo nesta segunda-feira, de um acidente vascular hemorrágico, aos 74 anos.
Jahn tinha no currículo a tradução de nomes basilares da literatura em espanhol, como Jorge Luis Borges, Mario Vargas Llosa, Ricardo Piglia e Julio Cortázar, de quem foi amiga.
Do inglês, traduziu romances de clássicos como George Orwell e Charles Dickens e acabou de publicar uma versão bilíngue dos poemas da americana Louise Glück, vencedora do Nobel de literatura.
Gaúcha de Montenegro, a tradutora passou boa parte da juventude no seu estado natal e se mudou para São Paulo aos 20 anos, ao se transferir para o curso de filosofia na Universidade de São Paulo.
Na década seguinte, durante o período mais tenebroso da ditadura militar, foi detida e interrogada pelo braço armado do governo e decidiu se exilar de 1970 a 1977, afiando suas habilidades com múltiplos idiomas enquanto conhecia diversos países da Europa.
Foi nessa época, aliás, que se apresentou a Cortázar, escritor que admirava e que decidiu abordar de supetão durante uma de suas visitas a Paris. Os dois depois estabeleceram uma correspondência firme e afetuosa até a morte do contista argentino, em 1984.
A tradutora voltou a São Paulo em 1985 e trabalhou pelos 30 anos seguintes em editoras de proa como Brasiliense, Companhia das Letras e Cosac Naify, até o ano de encerramento desta casa de referência. Depois, se aposentou e passou a se dedicar sobretudo à tradução.
Filha de uma professora primária e de um empresário amante de livros, contou em depoimento recente ter se alfabetizado de forma quase autodidata numa mistura do português com o espanhol, já que tinha lembranças de ouvir, com os irmãos, "Dom Quixote" traduzido em voz alta pelo pai. Gostava do desafio de decifrar palavras e códigos.
Tinha afinidade particular também com a literatura infantil, tendo trabalhado obras do dinamarquês Hans Christian Andersen para a editora 34 e os "Contos de Grimm" para a Companhia das Letras, por exemplo, numa lista que supera uma centena de traduções.
Erramos: o texto foi alterado
A poeta Louise Glück é americana, não canadense, como afirmava versão anterior deste texto.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters