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'O Deus do Cinema' faz dramalhão e não sabe aproveitar personagens

Filme do veterano Yoji Yamada escorrega na comédia ao contar a história de dois amigos entre as idas e vindas no tempo

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O Deus do Cinema

Avaliação: Regular
  • Quando: Em cartaz na Mostra de SP: Cineclue Cortina, dom. (30), 19h10; Cine Marquise, ter. (1º), 18h30
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Kenji Sawada, Masaki Suda e Mei Nagano
  • Produção: Japão, 2021
  • Direção: Yoji Yamada

O veterano cineasta japonês Yoji Yamada, de 91 anos, sempre se preocupou em fazer filmes que se comunicassem com um público amplo. Em sua longa carreira, trabalhou em diversos gêneros, do filme de samurai à comédia, do melodrama ao drama histórico, passando também pela série do personagem "Tora-San", com seus 50 longas entre 1969 e 2019.

Considerado extremamente japonês por alguns críticos e um diretor sem estilo por outros, Yamada passou por vários movimentos cinematográficos de seu país, se mantendo sempre como um cineasta de filmes agradáveis, ainda que por vezes escorregue nas armadilhas do cinema comercial.

Cena do fime 'O Deus do Cinema', do veterano diretor japonês Yoji Yamada - Divulgação

Em "O Deus do Cinema", um desses casos, procura juntar comédia e melodrama na história em dois tempos de um trabalhador veterano de cinema, Goh, interpretado por Masaki Suda na juventude e por Kenji Sawada na terceira idade.

O tempo principal é hoje. Hedonista e compulsivo em seus 78 anos, Goh só encontra prazer na bebida e nas apostas, o que leva a família a contrair grandes dívidas. Até que a filha resolve tirar o dinheiro da sua aposentadoria, tirando também sua alegria de viver.

Para sair do ambiente aprisionador de sua própria casa, ele se refugia no velho cinema de um amigo. Quando jovens, esses dois dividiam aspirações cinematográficas e eram apaixonados por Yoshiko, vivida por Nobuko Miyamoto, que se tornou mulher de Goh.

Como italianos e americanos, os japoneses são craques no melodrama. Alvo de preconceitos tolos, o gênero é, contudo, muito nobre. Mas tem uma faixa de leitura muito estreita. Um tiquinho a menos e a coisa fica sem sal. Um tanto a mais e desanda para o dramalhão.

Podemos dizer que Yamada ficou acima dessa faixa. Seu filme exagera em cenas que fazem chantagem sentimental com o espectador, abusando de uma trilha excessivamente melosa e de closes que exploram o sofrimento de seus personagens.

Para um filme que respira cinema, fica uma sensação muito forte de que algo deu errado. Não é culpa do ator. Kenji Sawada substituiu Ken Shimura, escalado anteriormente para o papel, mas morto em março de 2020 por complicações da Covid-19. Seu personagem é a melhor coisa do filme, e sua amizade com o dono do cinema é uma das coisas que funcionam.

Mas as idas e vindas no tempo servem apenas para mostrar as tensões entre os dois amigos e a pretendente, as trapalhadas de Goh desde a juventude e seu fracasso retumbante quando quis dirigir seu primeiro filme. Tem alguma graça nessas cenas, mas elas interrompem a história dos personagens justamente quando estão mais carismáticos, levando as cicatrizes de uma longa vida em suas almas.

Não por acaso, a personagem mais antipática acaba sendo a filha de Goh, que priva o pai de seus maiores prazeres. O neto nerd não é uma presença antipática, mas também não ajuda muito a trama, a não ser na atualização de um antigo roteiro do avô. É como se Yamada estivesse mais interessado nos que estão mais próximos de sua idade.

O filme é também uma nova homenagem à produtora Shochiku, em que Yoji Yamada passou toda sua carreira, desde quando era apenas um operário, nos anos 1950, até sua passagem para a direção em 1961.

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