Atriz trans premiada em Cannes denuncia líder de extrema direita da França
Marion Maréchal afirmou que prêmio de melhor atuação feminina de Karla Sofía Gascón foi para 'um homem'
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A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, que recebeu o prêmio de melhor atuação feminina em Cannes e é transsexual, denunciou a política francesa de extrema direita Marion Maréchal por insultos "sexistas".
A denúncia na França, confirmada nesta quarta-feira (29) à AFP pelo advogado da atriz de "Emilia Pérez", junta-se à apresentada dois dias antes por seis associações de defesa do coletivo LGBTQIAP+ por insultos "transfóbicos" contra Maréchal por esse comentário.
Gascón, de 52 anos, recebeu junto com suas colegas de elenco —as americanas Selena Gómez e Zoé Saldaña e a mexicana Adriana Paz— o prêmio de melhor atuação feminina e se tornou a primeira pessoa trans a ganhar esse prêmio em Cannes.
Em reação ao prêmio, Maréchal, candidata do partido de extrema direita Reconquista às eleições para o Parlamento Europeu em junho, criticou na rede social X a premiação de "um homem", o que implicaria "o apagamento das mulheres".
"Devemos pôr fim a este tipo de declaração", afirmou Karla Sofía Gascón em um comunicado enviado por seu advogado à AFP. A denúncia foi apresentada por insultos "sexistas motivados pela identidade de gênero".
O advogado da atriz, Étienne Deshoulières, indicou que "a única pessoa alvo dos comentários pode fazer a denúncia", portanto Karla Sofía Gascón teve que fazê-la, além da denúncia das associações.
No musical "Emilia Pérez", a atriz espanhola interpreta um cruel traficante de drogas mexicano e a mulher que fez a transição, e dedicou seu prêmio a "todas as mulheres trans que sofrem".
As declarações de Maréchal ocorrem em um contexto na França em que os setores conservadores veem nas pessoas trans uma nova frente de batalha da sociedade, após a sua oposição ao casamento igualitário e a adoção por casais homoafetivos.
Em 2023, as autoridades francesas contabilizaram 2.870 crimes ou delitos como agressões, ameaças e assédio, entre outros, contra a população LGBTQIAP+ —um aumento de 19% em relação a 2022.
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