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Montadoras incluíram humanos em testes de poluição, diz jornal

Crédito: David Hecker - 3.mar.2012/Associated Press Um elevador traz um Fusca em um prédio da Volkswagen, em Worlfsburg, na Alemanha

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As fabricantes de automóveis alemães Volkswagen, Daimler e BMW se confrontavam nesta segunda-feira (29) com notícias envolvendo a realização de testes de emissões de gás com macacos e humanos.

Desde sábado (27), a Volkswagen afirma que "toma claramente distância de qualquer forma de maus-tratos animais", após a revelação do jornal The New York Times sobre testes realizados com macacos pelas três montadoras citadas, e também pelo grupo alemão Bosch.

Tais experiências "são indesculpáveis do ponto de vista ético", disse Steffen Seibert, porta-voz do governo alemão, que exigiu explicações dos grupos envolvidos.

"A confiança da indústria automobilística voltou a ser afetada", declarou o ministro dos Transportes e da Agricultura, Christian Schmidt.

Ele anunciou que as montadoras serão convocadas perante a comissão ministerial responsável pelo 'dieselgate' e intimou as empresas a "cessarem imediatamente este tipo de testes".

Volkswagen, BMW, Daimler e Bosch enfrentam dois casos distintos, mas revelados quase simultaneamente, ambos envolvendo um organismo de pesquisa que eles financiavam, o EUGT, que foi fechado.

Os primeiros testes em macacos teriam sido realizados em 2014 em território americano, segundo o "The New York Times", que relata que os animais eram trancados em frente a desenhos animados e obrigados a respirar a fumaça emitida por um Beetle, o novo fusca, da Volkswagen.

O objetivo era "provar que os veículos a diesel de tecnologia são mais limpos que os velhos modelos", aponta o jornal, um argumento usado pelas montadoras para alavancar o mercado americano.

E o caso adquiriu uma nova dimensão nesta segunda, quando o jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" afirmou que os testes sobre os efeitos de inalação de óxidos de nitrogênio (NOx) também foram realizados com 25 humanos saudáveis.

Um instituto médico de Aix-la-Chapelle, subordinado ao EUGT, fez com que 25 pessoas saudáveis inalassem, em 2013 e 2014, dióxido de nitrogênio (NO2), em concentrações variáveis, segundo os dois jornais.

O estudo "não tem nada a ver com o escândalo do diesel", garantiu o instituto. O objetivo seria medir o efeito da exposição de NO2 no local de trabalho, "por exemplo para os motoristas de caminhão, mecânicos e soldadores", explicou.

Daimler "distanciou-se expressamente do estudo e do EUGT", segundo um porta-voz questionado pela AFP, enquanto BMW negou ter participado.

Mas nenhuma dessas declarações foram suficientes para abafar a polêmica, reavivando a crise de confiança que atinge as grandes construtoras desde a revelação do escândalo da adulteração em grande escala dos motores a diesel.

Bernd Althusmann, ministro da Economia da Baixa Saxônia, um estado federal acionista da VW, classificou essas experiências de "absurdos indesculpáveis", informou a agência DPA.

"O comportamento do grupo deve respeitar as exigências éticas em todos os aspectos", ressaltou.

No final de 2015, o grupo Volkswagen admitiu ter equipado 11 milhões de veículos diesel com um programa de computador que falseava os testes antipoluição e ocultava as emissões que eram, às vezes, 40 vezes superiores ao autorizado pelas normas vigentes.

Depois do "dieselgate", as montadoras alemãs decidiram acabar com a atividade do UEGT, atualmente em liquidação, segundo o Süddeutsche Zeitung.

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