Siga a folha

Adidas sai derrotada em campanha para expandir uso de três listras na UE

Tribunal considerou que faixas são uma marca comum

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Luxemburgo | Reuters

A Adidas fracassou em sua tentativa de ampliar a proteção de marca registrada às três listras que lhe servem de símbolo, na União Europeia, em um momento no qual rivais estão tentando invadir o mercado de roupas e sapatos listrados.

A Adidas estava tentando estabelecer uma marca registrada mais ampla para "três listras paralelas equidistantes de largura igual, aplicadas ao produto em qualquer direção".

A companhia alemã de bens esportivos conta com proteção de marca registrada para seu logotipo com três listras inclinadas.

Adidas perde exclusividade do uso de três faixas. - Denis Balibouse- 19.mai.2019/Reuters

"O veredicto não afeta nossa capacidade de usar e proteger as três listras", disse uma porta-voz da companhia.

O setor de bens esportivos está passando por uma alta nas suas disputas sobre patentes e marcas registradas, com as grandes companhias batalhando para diferenciar seus produtos e justificar sobrepreços.

Casos notórios envolvem o confronto entre a Adidas e a Skechers USA, e entre a Nike e a Puma.

A decisão da quarta-feira pode erodir o valor da marca Adidas, hoje avaliado em US$ 14,3 bilhões, de acordo com David Haigh, presidente-executivo da consultoria Brand Finance.

"O nome é mais importante, mas as três listras são muito reconhecíveis e contribuem muito para o reconhecimento", ele disse.

As ações da Adidas mostravam queda de 1,8% no final da manhã.

Listras reais

A Corte Geral da União Europeia anunciou que manteria uma decisão anunciada em 2016 pelo Escritório Europeu de Propriedade Intelectual (EUIPO, na sigla em inglês), que anulou a concessão anterior da marca registrada à Adidas em 2014, para roupas, calçados e chapéus.

A marca registrada foi contestada pela Shoe Branding Europe, da Bélgica, depois de uma disputa de uma década de duração com a Adidas.

O mesmo tribunal da União Europeia também considerou inválida a marca de duas listras da Shoe Branding, no ano passado, afirmando que as listras eram semelhantes demais às da Adidas.

A Shoe Branding adquiriu a Patrick, uma empresa fundada em 1892 e que se declara a marca esportiva mais antiga da Europa. A Patrick usa duas listras em seus calçados e roupas, ainda que elas se inclinem na direção oposta à das listras da Adidas.

A Adidas precisava demonstrar que três listras paralelas, não importa em que direção se inclinem, haviam adquirido um "caráter distintivo" em toda a União Europeia, com base em seu uso pela empresa, e que os consumidores que viam as listras identificavam o produto inerentemente como da Adidas, e eram capazes de distinguir entre esse produto e os de outra companhia.

O tribunal afirmou que a marca não era um padrão, mas "uma marca figurativa corriqueira", e que não seria relevante levar em conta usos específicos envolvendo cores.

A Adidas, que ainda pode recorrer da decisão à Corte Europeia de Justiça, afirmou em comunicado que a decisão não afetava outros usos protegidos de sua marca registrada na Europa.

"Embora a decisão tenha sido um desapontamento, continuamos a avaliá-la e aceitamos qualquer orientação útil que o tribunal nos ofereça para proteger a marca de três listras aplicada aos nossos produtos, em qualquer direção, no futuro", a empresa afirmou.

O tribunal disse que a Adidas havia apresentado provas quanto ao uso da marca em cinco países da União Europeia, mas não em todo o bloco comercial.

Geert Glas, advogado especialista em propriedade intelectual no escritório de advocacia Allen & Overy, em Bruxelas, disse que a decisão parecia se basear mais em procedimentos, e que a Adidas deveria produzir provas demonstrando que as três listras constituíam traço distintivo em toda a Europa.

"É um revés para a Adidas, mas não deve ser o fim de sua marca de três listras", disse Glas.

Em outros casos envolvendo grande empresas de material esportivo, a Nike no ano passado abriu um processo contra a rival Puma pelo uso não autorizado de tecnologia patenteada, em calçados esportivos.

E um tribunal de recursos dos Estados Unidos determinou que a Adidas pode proteger seu tênis Stan Smith contra um suposto derivativo da Skechers, mas que a Skechers estava autorizada a vender outro modelo que imite as três listras da Adidas.

Em 2017, um juiz americano rejeitou o esforço da Adidas para impedir que a Skechers vendesse calçados esportivos que ela acusava a rival de ter copiado de seu conceito "Springblade".

Reuters, tradução de Paulo Migliacci

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas