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Desemprego deve recuar lentamente, mas com avanço de vagas formais, diz Itaú

Segundo o estudo, processo acontece historicamente em momentos de aceleração do crescimento da economia

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São Paulo

Estudo inédito divulgado pelo Itaú-Unibanco mostra que o Brasil vive hoje um processo de aceleração na abertura de vagas com carteira assinada e, ao mesmo tempo, de desaceleração na criação de empregos informais.

A substituição de postos informais pelo trabalho com carteira explica, segundo a instituição, a queda lenta do desemprego, que considera as duas formas de contratação.

O banco estima que a taxa de desemprego deve passar de cerca de 12% no final de 2019 para 11% em 2021. Nesse período de dois anos, espera-se a criação de 1,9 milhão de vagas formais e metade disso (950 mil) em vagas informais.

Nos últimos três anos, período marcado pelo fraco crescimento da economia, foram criadas 1 milhão de vagas com carteira e 3,4 milhões de empregos informais, segundo dados verificados e estimativas do Itaú para 2019, cujos dados ainda não estão fechados.

Ofertas de emprego na rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Os dados do mercado de trabalho do Ministério da Economia e do IBGE já mostram essa mudança desde agosto do ano passado, quando a economia voltou a crescer em ritmo mais forte, e a tendência é de que isso se repita neste e no próximo ano, segundo o Itaú.

O economista Luka Barbosa, responsável pelo estudo, diz que essa substituição é um processo que tem sido verificado historicamente em momentos de aceleração do crescimento da economia.

“A queda lenta da taxa de desemprego esconde uma grande melhora no mercado de trabalho em termos de composição. Se uma pessoa saiu do emprego informal e veio para o emprego formal, a vida dela melhorou, houve aumento da renda. É uma queda no emprego de pior qualidade”, diz Barbosa.

Afirma ainda que a recuperação do emprego formal ajuda a confirmar que economia está realmente mudando de patamar de crescimento. Os dados do emprego formal medidos pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, têm peso relevante no indicador de nível de atividade do Itaú e costumam apresentar menos volatilidade do que outros indicadores.

“O comportamento do emprego formal ajuda a entender que a economia está crescendo de fato. É um sinal importante para a gente de que a economia está acelerando”, afirma o economista.

O histórico do mercado de trabalho mostra correlação negativa entre empregos formais e informais. O trabalho sem registro cai quando a atividade econômica avança. A criação de empregos formais, por outro lado, acelera.

O estudo mostra que a queda do desemprego em taxas anuais significativas, como ocorreu no período de 2004 a 2010, se deu em anos de crescimento acima de 5%. A projeção do Itaú é uma expansão de 2,2% em 2020 e 3% em 2021.

Em 2010, por exemplo, o desemprego caiu 1,1 ponto percentual, praticamente o que a instituição projeta para a queda, somada, em 2020 e 2021. Na época, no entanto, a economia cresceu 7,5%.

Para o economista, a redução do desemprego para patamares ainda elevados não significa que o mercado de trabalho não esteja melhorando.

No estudo, ele destaca que o processo de formalização é sempre acompanhado pelo crescimento dos salários. A instituição projeta aumento da massa salarial real de 2,4% em 2020 e 2,8% em 2021.

Além disso, a melhora da composição do emprego contribui para uma aceleração do PIB potencial, e os ganhos de produtividade com a formalização devem gerar aumentos do salário real sem pressões inflacionárias imediatas.

O Itaú estima uma taxa de desemprego de equilíbrio de 10%, percentual que não deve se alterar no curto prazo. O indicador ficou abaixo desse patamar de 2006 a 2013, ano em que atingiu 6,8%, mínima da história recente. Em 2016, bateu em 12,6%, maior valor da série iniciada em 1999.

Barbosa afirma também que o crédito privado é uma das principais forças que estão fazendo a economia crescer atualmente.

“Você começou com o corte dos juros, depois veio o crescimento de crédito, uma demanda de crédito para consumo e para as empresas. Com essa demanda maior, as empresas sentem necessidade de contratar pelo mercado de trabalho formal. A criação de emprego vem como resultado de um crescimento maior da economia.”

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