Criação de emprego formal em novembro foi dobro do esperado pelo mercado

País gerou 99 mil vagas com carteira, segundo o Caged; no ano, foram criados 948 mil postos

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Brasília e São Paulo

Foram geradas 99.232 vagas com carteira assinada no país em novembro. Esse é o melhor resultado para o mês desde 2010, quando foram criados 138.247 postos de trabalho formais.

O número, divulgado nesta quinta-feira (19), é mais que o dobro da expectativa do mercado financeiro. Estimativa coletada pela agência Bloomberg mostrava que o mercado esperava geração de 47.250 vagas.

O impulso veio principalmente do comércio varejista, que abriu mais de 100 mil vagas com carteira assinada no mês – se preparando para as vendas de Natal.

Otimista diante do resultado, o governo divulgou uma projeção para o comportamento do mercado de trabalho no ano, que vem se mostrando mais aquecido do que no ano passado.

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, prevê que, ao fim do ano, haverá um saldo de pelo menos 635,5 mil novos postos de trabalho formais.

“Estimamos que o resultado de 2019 será pelo menos 20% maior que o do ano passado”, escreveu Marinho, numa rede social.

Em 2018, foram abertas 529,5 mil vagas com carteira assinada.

Tradicionalmente, o período entre agosto e outubro concentra a maior parte de contratações de temporários nas fábricas para produzir as demandas das festas de fim de ano. Dessa vez, novembro seguiu a tendência de geração de emprego dos meses anteriores.

Depois, em dezembro, o resultado costuma ser negativo devido à dispensa desses trabalhadores.

Marinho reconhece que o dado de dezembro, a ser divulgado em janeiro de 2020, mostrará um número de demissões superior às contratações, como de costume.

Por isso, ele acredita que o saldo de vagas abertas de 948.344 de janeiro a novembro irá recuar para algo próximo de 635 mil.

Mesmo assim, o resultado mostra uma reação do mercado de trabalho no país.

No acumulado de janeiro a novembro, o saldo de 2019 é maior que o registrado no mesmo período do ano anterior, quando foram gerados 858.415 novos empregos com carteira assinada.

Além disso, o resultado atual (948.344) é o melhor desempenho para o mercado de trabalho desde 2013, quando o saldo superou 1,5 milhão.

Em 2019, as demissões superaram as contratações apenas em março. Novembro é, portanto, o oitavo mês consecutivo de geração de emprego.

Os dados mostram que o comércio foi quem puxou o resultado, ao abrir 106.834 novas vagas. A maioria foi no ramo varejista. Os setores de serviços (44.287) e serviços industriais de utilidade pública (419) também tiveram saldo positivo no mês.

Indústria de transformação, agropecuária, construção civil, administração pública e extrativa mineral fecharam postos de trabalho no mês passado.

O diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, diz que o resultado mensal é coerente com o que considera uma dinâmica econômica fraca, combinado com o efeito sazonal das contratações do fim de ano.

O bom desempenho do comércio varejista, na avaliação dele, é puxado principalmente por contratos de trabalho com jornada parcial ou intermitente.

Ele diz que esse resultado ainda deve se manter em janeiro e fevereiro, mas depois deve voltar a cair. “No passado, quando a economia crescia, parte ficava e era absorvida pelo mercado. Agora, não creio que isso vá ocorrer de forma intensa no ano que vem”, afirma.

O Caged não detalha onde estão os empregos por tipo de contrato. O saldo do mês de novembro foi de 11.354 vagas de trabalho intermitente e 2.122 de jornada parcial. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o primeiro tipo cresceu 45,38%, e o segundo, 14%.

Para o sociólogo, o saldo negativo da indústria (24.815 vagas eliminadas) é “típico de uma economia mesmo rastejante”. No ano, o resultado ainda é positivo em 123.931 vagas. “Ela produz para vender para o final do ano, mas não há uma estruturação do setor da indústria de transformação, pois há um perda de participação externa, principalmente com a Argentina e isso é um problemaço”, afirma.

 Ao anunciar o resultado positivo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de novembro, o Ministério da Economia ressaltou que das cinco regiões do país, quatro apresentaram saldo positivo: Sudeste (51.060); Sul (28.995), Nordeste (19.824), e Norte (4.491). A região Centro-Oeste foi a única a registrar saldo negativo em 5.138 postos.

Os dados do Caged também dão uma amostra do nível salarial das contratações. A média na admissão em novembro foi de R$ 1.592,26. Isso, segundo o governo, representa uma alta de 0,96% acima da inflação (medida pelo INPC) em relação ao salário médio de novembro do ano passado.

Ao comemorar o comportamento do mercado de trabalho, Marinho declarou que, para o próximo ano, o governo espera uma geração de empregos ainda melhor que em 2019. Ele, no entanto, não estimou quantas vagas podem ser criadas em 2020.

Para a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), o aquecimento se dará pela retomada da atividade econômica e reflexo da continuidade da agenda reformista do governo.

Uma das medidas citadas pelo secretário especial de Previdência e Trabalho é o novo tipo de contrato para jovens em busca da primeira experiência profissional, chamado de Emprego Verde e Amarelo.

A proposta, que está em análise pelo Congresso, reduz encargos de empresas para tornar a contratação de empregados mais barata para os patrões.

A medida, contudo, enfrenta resistência entre parlamentes por causa do financiamento. A ideia do governo é taxar o seguro-desemprego para compensar a perda de recursos.

Para Marinho, o programa Verde e Amarelo é fundamental para a melhoria do ambiente de negócios e para criar melhores condições para empregabilidade.

Além disso, a equipe econômica criou um grupo para flexibilizar leis trabalhistas, além de adaptar a legislação aos novos tipos de emprego, considerando as novas tecnologias.

Isso, na avaliação do ministério, também irá aquecer o mercado de trabalho no próximo ano.

O governo também quer continuar com o plano de flexibilização das normas de segurança no trabalho.

As NRs (normas reguladoras) são um conjunto de normas de segurança e medicina do trabalho que devem ser seguidas obrigatoriamente pelas empresas que tenham empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

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