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Mundo vive maior apagão aéreo da história

Considerando só a restrição na rota EUA-Europa, serão 6.700 voos comprometidos nas próximas quatro semanas

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Washington

As restrições para a entrada nos Estados Unidos de não residentes e estrangeiros vindos de países da Europa começaram a valer na sexta-feira (13) e devem afetar 6.747 voos e quase 2 milhões de assentos nas próximas quatro semanas.

Essa é a estimativa da consultoria britânica OAG, especialista em aviação, que acrescenta que a medida implementada pelo governo de Donald Trump terá impacto em toda a indústria de aéreas —e não apenas nas rotas afetadas.

“O coronavírus causou a maior interrupção no mercado de viagens de todos os tempos”, disse John Grant, especialista da OAG, que opera também nos EUA, no Japão e na China.

Área de check in da empresa americana Delta Airlines no aeroporto de Paris, após os EUA anunciarem proibição de vôos provenientes da Europa - Bertrand Guay/AFP


“A situação é extremamente fluida, com restrições de viagens, capacidade e horários das companhias aéreas mudando a cada dia. A expectativa é de uma quantidade significativa de cancelamentos de transportadoras dos Estados Unidos e da Europa nos próximos dias”, afirma.

Em pronunciamento à nação na noite de quarta-feira (11), Trump afirmou que iria suspender por 30 dias, a partir da sexta-feira, as viagens com destino aos Estados Unidos que tenham como ponto de partida a zona Schengen (que reúne 26 países europeus) como medida contra a pandemia do coronavírus. No sábado (14), o governo americano acrescentou o Reino Unido e a Irlanda na lista de suspensão de voos.

Em 2019, houve 200 mil voos entre Estados Unidos e os países da Schengen, que levaram 46 milhões de passageiros.

O tráfego médio no período foi de 550 voos e 125 mil passageiros por dia —a OAG, porém, afirmou que não tem informações sobre o impacto exato no número de passageiros neste momento.

Ainda segundo os dados da consultoria, as companhias aéreas americanas mais prejudicadas com as restrições aos voos serão Delta e United Airlines, que, juntas, representam 31% dos voos afetados.

Do lado europeu, a Lufthansa será a mais atingida, com 13% dos voos.

Entre os países mais afetados da rota estão Alemanha, França e Holanda, que servem 57% dos voos entre Schengen e Estados Unidos.

As projeções para o mês de abril revelam ainda mais prejuízos. Caso Trump não prolongue prazos, a medida deve durar até a segunda semana de abril.

Para o próximo mês, estavam agendados 13.169 voos da Europa para os Estados Unidos, incluindo o Reino Unido.

Somente a Alemanha tem 1.741 voos previstos, enquanto a França tem 1.570, e a Holanda, 1.212.

Caso termine no meio do mês, a restrição, portanto, não vai gerar impacto no número total desses voos, mas deve atingi-los mesmo que parcialmente.

O anúncio do presidente americano afetou de imediato as ações das empresas aéreas americanas, que estavam em queda desde o início da crise do coronavírus.

Após as restrições divulgadas por Trump, o quadro piorou e, desde então, as ações da Delta, por exemplo, caíram 10% na Bolsa de Nova York, enquanto as da United Airlines despencaram 15,6%.

Especialistas afirmam que as aéreas já têm atuado sob pressão financeira e operacional e, com a diminuição dos voos pelos próximos 30 dias, muitas delas podem ficar ainda mais fragilizadas.

A norueguesa Norwegian Air é exemplo concreto disso. A companhia estava endividada e, diante das medidas anunciadas por Trump, afirmou que vai suspender 4.000 voos e dispensar 55% de seus funcionários.

O presidente-executivo da empresa, Jacob Schram, pediu em nota que os governos comecem a agir para proteger a indústria de aviação e os empregos do setor.

Horas antes de a medida restritiva aos voos entrar em vigor, Trump concedeu entrevista na Casa Branca na qual declarou emergência nacional nos EUA por causa do coronavírus.

Ele elogiou sua própria decisão de restringir os voos que chegam de países da Europa e disse que vê “zero problema” no deslocamento nacional de passageiros.

Os casos de coronavírus nos EUA chegaram a mais de 1.600, e vários deles foram causados por transmissão entre locais, e não somente de pacientes que chegaram de fora.

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