Descrição de chapéu Financial Times

Chefe da British Airways alerta que companhia aérea luta pela sobrevivência

Empresa diz que precisará cortar empregos, suspender rotas e estacionar aviões

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Londres, Nova York, Chicago, Paris, Oslo e Frankfurt | Financial Times

O executivo-chefe da British Airways avisou os funcionários em um memorando desolador que a companhia aérea terá que cortar empregos, suspender rotas e estacionar aeronaves por causa da pandemia de coronavírus.

Alex Cruz disse a 45 mil funcionários, em uma mensagem intitulada "A sobrevivência da British Airways", que a BA está "sob imensa pressão", apesar de um balanço robusto e do apoio de uma empresa-mãe forte na IAG.

A BA discutiu nos últimos dias a necessidade de financiamento urgente com vários credores, incluindo Bank of America, Goldman Sachs e Deutsche Bank, segundo pessoas familiarizadas com a questão. A BA e os bancos não quiseram comentar.

"Alguns de nós trabalhamos na aviação durante a crise financeira global, o surto de Sars e o 11 de Setembro", disse Cruz no memorando. "O que está acontecendo agora em consequência do Covid-19 é mais sério do que qualquer um desses eventos. É uma crise de proporções globais como nenhuma outra que passamos."

O memorando do chefe da BA foi a mais terrível de uma série de advertências dos chefes das companhias aéreas na sexta-feira (13), todos lutando para sustentar seus negócios após um forte aumento nos cancelamentos e a decisão do presidente Donald Trump de bloquear a maioria das viagens de europeus para os EUA.

Ed Bastian, executivo-chefe da Delta, disse aos funcionários que a companhia aérea de Atlanta está conversando com o governo dos EUA em busca de ajuda e tomando medidas para economizar dinheiro, revelando que o número de cancelamentos está superando o de reservas nos voos das próximas quatro semanas.

"A velocidade da queda da demanda é diferente de tudo o que já vimos --e vimos muito em nosso setor", escreveu Bastian em um memorando para os funcionários. Ele também disse que renunciará a seu salário pelos próximos seis meses.

A Delta está reduzindo sua capacidade em 40% nos próximos meses, mais do que em 2001 após os ataques terroristas de 11 de Setembro, e estacionará 300 aeronaves. Ela vai eliminar os serviços para a Europa continental, mantendo rotas para Londres; adiará a entrega de novas aeronaves; reduzirá as despesas de capital em pelo menos US$ 2 bilhões neste ano; e reduzirá o uso de empresas contratadas e consultores.

A BA estava tomando medidas semelhantes, incluindo suspender rotas e estacionar aeronaves "de uma maneira que nunca vimos antes", escreveu Cruz aos funcionários. "Por favor, não subestimem a seriedade disto para a nossa empresa", afirmou. Ele acrescentou que a transportadora terá que fazer cortes de empregos. A BA se recusou a comentar o número.

A Lufthansa, da Alemanha, anunciou que estacionará mais de dois terços de seus 800 aviões e reduzirá drasticamente suas rotas para os EUA, já tendo cancelado mais de 30 mil voos para cidades na China, em Israel e no Irã.

Carsten Spohr, executivo-chefe do grupo, disse à equipe em um comunicado por vídeo: "Em vez de 70 voos diários para os Estados Unidos, ofereceremos uma agenda drasticamente reduzida, com apenas quatro voos diários a partir de amanhã".

A Air France-KLM disse na sexta-feira que havia sacado 1,1 bilhão de euros de sua linha de crédito rotativo, e sua liquidez total agora é de 5,5 bilhões de euros, para "limitar o impacto do vírus em sua rentabilidade e preservar sua flexibilidade financeira".

Em um vídeo para a equipe, o diretor-executivo do grupo franco-holandês, Ben Smith, disse que a empresa enfrenta uma "situação sem precedentes" e está preparando um plano de crise depois que o preço das ações caiu pela metade no mês passado.

O governo francês, dono de 14,3% da Air France-KLM, prometeu apoiar a empresa.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse na sexta que a França "ajudará todas as empresas nas quais o Estado tem participação. Qualquer que seja o custo, estaremos ao seu lado".

As companhias aéreas exigiram ações imediatas dos governos para aliviar o aprofundamento da crise, o que obscureceu ainda mais as perspectivas de um setor que deverá enfrentar um impacto de pelo menos US$ 100 bilhões com a pandemia, segundo estimativas.

O executivo-chefe da Norwegian Air Shuttle disse na sexta estar confiante de que o governo de Oslo resgatará a companhia aérea de baixo custo. Jacob Schram disse: "Temos um bom diálogo e estou absolutamente confiante de que juntos resolveremos a crise de liquidez". Ele afirmou que a Norwegian está enfrentando "a pior crise da história da empresa e a maior do país desde a Segunda Guerra Mundial".

Bastian, da Delta, declarou que está "otimista" de que a ajuda do governo americano virá, mas "a forma e o valor são imprevisíveis, e não podemos colocar o futuro da empresa em risco esperando a ajuda do governo".

A Lufthansa buscará auxílio estatal dos governos europeus, e Spohr, juntamente com outros chefes da indústria alemã, participaria de negociações de crise com a chanceler Angela Merkel na noite desta sexta.

Stephen Furlong, analista de aviação na Davy, disse: "Provavelmente esta é uma questão de meses, e não de anos, mas meu Deus, meses podem mudar a aviação global".

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