Recessão, isolamento e cautela sinalizam IPCA abaixo do piso
Deflação foi puxada pelos combustíveis, em particular a gasolina
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O IPCA teve deflação de 0,31% em abril, acumulando 2,40% em 12 meses, abaixo do piso da meta do BC, fixado em 2,50%. Em março, já com efeitos do coronavírus, o IPCA tinha crescido apenas 0,07%.
Tal queda só perde para o 0,51% verificado em agosto de 1998. Na ocasião, o baixo crescimento, o dólar congelado e os juros altos mantinham a inflação baixa. Hoje, a deflação decorre do coronavírus e de seu impacto sobre o dia a dia das famílias, além da baixa inflação corrente.
O coronavírus tem impacto deflacionário porque os preços das commodities caem no mercado mundial pela contração da demanda. O petróleo, com efeito sobre os preços dos combustíveis, é o melhor exemplo.
Ademais, as medidas de isolamento social, a forte e súbita alta do desemprego e a severa contração da renda interrompem o consumo de muitos serviços e bens.
O impacto da queda do consumo sobre os preços mais do que compensou a alta do dólar, cujo repasse para os preços domésticos vem sendo limitado. Assim, os preços de eletrônicos e eletrodomésticos caem por falta de quem os compre.
A deflação foi puxada pelos combustíveis, em particular a gasolina, o maior impacto negativo.
Apenas dois dos nove grupos que compõem o IPCA tiveram alta: Alimentação (1,79%) e Vestuário (0,10%). Os preços dos alimentos são sensíveis a condições de abastecimento e a compras antecipadas pelas famílias.
Os núcleos ficaram perto de zero e em 12 meses acumulam alta de 2,41%, mostrando que a desaceleração do IPCA vai além de choques pontuais. Tais núcleos são medidas que excluem preços muito voláteis ou muito rígidos, sugerindo mais variações de custos e demanda do que outros determinantes da inflação.
Os preços das commodities devem conhecer alguma recuperação, o que vai pressionar os preços dos combustíveis e outros itens.
Mas a recessão, a alta do desemprego, o isolamento e a cautela das famílias desenham cenário de mais dois anos com a inflação fechando abaixo da meta, o que mostra o acerto, um pouco tardio, da decisão do Copom de sinalizar Selic perto de 2% até que a inflação aponte para a meta.
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