Acertar o PIB em cima é sorte; competência é errar pouco, diz FGV
Indicador da Fundação se aproximou mais do resultado do IBGE do que estimativa do mercado
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O crescimento da economia no terceiro trimestre de 7,7%, um ponto percentual abaixo da projeção de mercado, é atribuído pela maioria dos economistas à revisão feita pelo IBGE nos dados a partir de 2018, que jogaram os números desde aquele ano para cima.
O resultado, no entanto, ficou muito próximo do crescimento apontado por outro indicador, o Monitor do PIB do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Para Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, o bom resultado do indicador pode ser explicado pela incorporação de mudanças no PIB de 2018 anunciadas pelo IBGE em novembro, que ajudaram a melhorar a estimativa da instituição para o resultado nos trimestres seguintes.
O monitor do PIB mostrou um crescimento muito próximo ao anunciado pelo IBGE para o terceiro trimestre e bem abaixo da maioria das projeções de mercado. A que você atribui esse resultado?
O monitor já incorporou os novos resultados das tabelas de recursos e usos do IBGE. Pegamos a revisão de 2018 e aplicamos as taxas de forma a chegar em 2019. Ficamos bastante próximos do resultado de 2019, deu 1,4% e o monitor era 1,6%. Isso explica um pouco o sucesso da gente em estimar o terceiro trimestre. Acertar em cima é sorte. Competência é errar pouco. A gente estabeleceu um limite de 0,3 [ponto percentual]. O monitor conseguiu um resultado muito bom.
Considerando que vocês chegaram muito próximos, houve alguma surpresa no dado divulgado hoje
Estimamos para cima o consumo das famílias e para abaixo da Formação Bruta de Capital Fixo. Em relação ao trimestre anterior, a maior surpresa foi a construção.
Essas revisões do PIB dessa magnitude são comuns?
O mundo inteiro faz revisões muito maiores do que o IBGE faz. Em algumas atividades, há um problema na informação base [na primeira divulgação do PIB]. Mas depois o IBGE corrige através dos dados das empresas e corrige muito bem.
O que os dados apontam para os trimestres seguintes?
O dado de outubro do IAE (Índice de Atividade Econômica do FGV Ibre) mostra uma desaceleração do crescimento fantástica. Cresceu 1,1%, mostrando que devemos ter um quarto trimestre em que a recuperação não deve ser muito elevada. O maior problema é 2021. Com essa base tão baixa, vai crescer. O problema é crescer o suficiente para recuperar o que perdeu em 2020. Teria de crescer pelo menos 4%, 4,5%. Senão vai ficar devendo.
E o que é necessário para que se tenha um resultado mais forte em 2021 diante da retirada de estímulos fiscais?
Temos de refletir um pouco em termos de política econômica. Com esse mantra de que tudo é fiscal, as pessoas esqueceram das palavras crescimento e emprego. Não digo só o governo. Todo mundo no mercado só fala de ajuste fiscal. Não se discute estratégia de crescimento. E temos agora desemprego aumentando. Sem o auxílio emergencial, não sei como vai ser a demanda para estimular a economia no próximo ano. Estamos em uma situação em que o crescimento não virá espontaneamente.
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