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Dólar sobe e Bolsa cai sob pressão de inflação, guerra e Covid

Surto na China e negociações sobre Ucrânia influenciam quedas de Vale e Petrobras

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São Paulo

Os mercados de câmbio, ações e de juros do Brasil revelaram um cenário pessimista para os negócios domésticos, que nesta segunda-feira (14) rumaram na contramão do clima esperançoso que contagiou a Europa devido à remota possibilidade de avanços nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. A Bolsa de Londres avançou 0,53%. Paris e Frankfurt saltaram 1,75% e 2,21%, nessa ordem.

Referência da Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa caiu 1,60%, a 109.927 pontos. O dólar subiu 1,30%, a R$ 5,1190. Resultados que podem ser atribuídos em grande parte à desvalorização dos materiais básicos mais importantes produzidos no país e pelas preocupações com os efeitos da inflação doméstica e no exterior.

Homem passa diante de quadro eletrônico da Bolsa de Tóquio, no Japão, que mostra flutuação de índices de ações em diversas partes do mundo - Kim Kyung-Hoon - 22.fev.2022/Reuters

Expectativas positivas sobre o desfecho do conflito na Europa foram parcialmente responsáveis pela queda na cotação do petróleo nesta segunda. A commodity vinha disparando devido à possibilidade de redução substancial da oferta após a decisão dos Estados Unidos de banir a importação da Rússia.

Notícias sobre novos surtos de Covid-19 na China também ajudaram a derrubar o preço da matéria-prima. Interrupções na cadeia de suprimentos devido ao fechamento de atividades econômicas podem esfriar a demanda global pelo petróleo. Ao final da tarde, o barril do Brent caía 6,21%, a US$ 105,67 (R$ 535,12).

No Brasil, a queda da commodity, caso se mantenha, até poderá significar alívio para a inflação a médio prazo. Mas no imediatismo do mercado, a desvalorização derrubou as ações da Petrobras em 1,91%, além de afundar as da PetroRio em 5,42%.

Para piorar o cenário do setor de materiais básicos, o trancamento adotado em algumas cidades chinesas para conter o coronavírus influenciou negativamente as negociações de minério de ferro. Isso derrubou as ações da Vale (-5,36%), da CSN Mineração (-6,21%) e da CSN (-5,83).

"Os mercados da China recuaram com nova onda do Covid e a implementação de tolerância zero com novo decreto de lockdown, incluindo o centro tecnológico de Shenzhen", disseram analistas da Ativa Investimentos em boletim.

A China é o maior produtor de aço global. Já o setor de commodities metálicas é um dos mais importantes para a Bolsa brasileira, sobretudo pelo elevado peso da Vale no Ibovespa.

A Bolsa de Hong Kong derreteu 4,97%. Na China continental, o principal índice dos mercados de Xangai e Shenzhen afundou 3,06%.

Medidas que as autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos deverão anunciar na próxima quarta-feira (16) para enfrentar a escalada da inflação também influenciam os mercados dos dois países nesta semana.

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deverá elevar a taxa de juros Selic em 1 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,75% ao ano, segundo pesquisa da agência Bloomberg.

Na mesma data, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deverá tirar sua taxa de juros de referência do zero, medida que pode levar estrangeiros a retirar dólares de investimentos arriscados em países emergentes e levá-los para a segurança dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Em Nova York, o mercado oscilou nesta segunda-feira devido a uma combinação de expectativas sobre negociações na Ucrânia e quanto à alta dos juros do Fed.

Depois de uma abertura em alta, o indicador de referência do mercado americano S&P 500 caiu 0,74%.

A Nasdaq, bolsa onde estão listadas empresas mais vulneráveis à alta dos juros, desabou 2,04%. O índice Dow Jones ficou estável.

Debate sobre combustíveis afeta Ibovespa

É na flutuação do valor do petróleo que está a explicação mais complexa para o mercado financeiro brasileiro ter desandado neste início de semana. Isso tem tudo a ver com a forte influência política sobre o setor petrolífero no Brasil.

Especificamente nesta segunda, a redução da expectativa de ganhos de curto prazo com ações de petroleiras era provocada pela desvalorização pontual da matéria-prima.

Mas, considerando as altas do petróleo desde o início da guerra, a pressão inflacionária gerada pela disparada da commodity vem levantando temores sobre o Brasil. No centro da questão, está a preocupação de investidores de que o governo possa interferir na política de preços da Petrobras, prejudicando assim os resultados da companhia e a saúde financeira do país.

Não é só a possibilidade de intervenção do governo nos preços da Petrobras que preocupa o mercado quando o assunto é combustível.

Renúncias na arrecadação para tentar reduzir os efeitos do mega-aumento dos derivados de petróleo também chamam a atenção de investidores para o risco fiscal.

É assim que analistas denominam o risco de que o governo não consiga cumprir o Orçamento, seja devido ao crescimento de gastos ou pela redução da receita. Essa ameaça tradicionalmente já afeta o mercado em anos eleitorais, como é o caso de 2022.

Permitir que os preços subam sem contramedidas também cria dificuldades no dia a dia da população, além da própria inflação.

Desde o anúncio do mega-aumento dos combustíveis, na última quinta (10), o mercado de juros futuros de curto prazo galopou. As taxas DI para 2023, negociadas entre bancos e que servem de referência para operações de crédito em geral, saltaram de 12,90% para 13,23% ao ano.

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