Após lockdowns, PIB da China desacelera no 2º trimestre e cresce 0,4%
País foi afetado por bloqueio de atividades para conter avanço da Covid em seus principais centros, inclusive em Xangai
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O crescimento econômico da China teve forte desaceleração no segundo trimestre, com aumento de apenas 0,4% em relação a um ano antes, abaixo das expectativas, mostraram dados oficiais divulgados no final da noite desta quinta-feira (14), horário de Brasília. A atividade industrial e os gastos de consumidores do país foram afetados por lockdowns generalizados para conter os casos recordes de Covid-19.
Analistas consultados pela Reuters esperavam crescimento de 1,0% do PIB (Produto Interno Bruto) chinês no período, uma queda significativa em comparação aos 4,8% no primeiro trimestre.
Na comparação trimestral, o PIB caiu 2,6% no segundo trimestre, ante expectativas de queda de 1,5% e ganho revisado de 1,4% no trimestre anterior.
No primeiro semestre, o PIB cresceu 2,5%, muito abaixo da meta do governo de 5,5% para este ano.
"A economia da China esteve à beira da estagflação, embora o pior já tenha passado no período de maio a junho. Podemos descartar a possibilidade de uma recessão ou dois trimestres seguidos de contração", disse Toru Nishihama, economista-chefe do Dai-ichi Life Research Institute em Tóquio.
"Dado o crescimento moderado, é provável que o governo da China implemente medidas de estímulo econômico a partir de agora para acelerar seu crescimento, mas os obstáculos são altos para o PBoC [banco central da China] cortar ainda mais as taxas de juros, pois isso aumentaria a inflação, que foi mantida relativamente baixa no momento. "
Bloqueios totais ou parciais foram impostos nas principais cidades do país em março e abril, incluindo o centro comercial Xangai, que registrou contração de 13,7% do PIB no segundo trimestre, na comparação anual.
Embora muitas das restrições tenham sido suspensas e os dados de junho tenham sinalizado melhora, os analistas não esperam uma rápida recuperação econômica. A China está mantendo sua dura política de 'Covid zero' em meio a novos surtos, o mercado imobiliário do país está em profunda queda e as perspectivas globais estão piorando.
Uma pesquisa da Reuters prevê que o crescimento da China se desacelere para 4,0% em 2022, muito abaixo da meta oficial de crescimento de cerca de 5,5%.
A produção industrial do país cresceu 3,9% em junho em relação ao ano anterior, acelerando em relação a um aumento de 0,7% em maio, quando a atividade começou a se recuperar dos meses de bloqueios contra a Covid.
A expansão foi mais fraca do que a previsão de analistas ouvidos pela Reuters, que projetavam crescimento de 4,1%.
As vendas no varejo aumentaram 3,1% após o afrouxamento das restrições. Os analistas esperavam um resultado de 0%, após queda de 6,7% em maio.
O investimento em ativos fixos cresceu 6,1% nos primeiros seis meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, ante uma previsão de alta de 6,0%. Entre janeiro e maio a alta foi de 6,2%.
A situação do emprego melhorou, com a taxa de desemprego caindo para 5,5% em junho, ante os 5,9% em maio, à medida que a economia se recuperava.
Os dados mostraram que os preços das casas caíram 0,5% em relação ao ano anterior, piorando em relação à queda de 0,1% no mês anterior. Também não houve aumento na variação mensal.
O investimento imobiliário da China também caiu 5,4% no primeiro semestre de 2022, na comparação anual, após um declínio de 4,0% nos primeiros cinco meses.
Na quarta-feira, o banco central prometeu manter a liquidez razoavelmente alta e reduzir os custos de financiamento, prevendo um aumento temporário no nível geral de dívida em meio aos esforços para reanimar a economia.
Analistas acreditam que o espaço para o banco central afrouxar ainda mais sua política pode ser limitado por preocupações com saídas de capital, já que o Federal Reserve dos EUA aumenta agressivamente as taxas de juros para combater a inflação crescente.
O aumento de preços ao consumidor na China, embora não esteja tão alto quanto em outros lugares, também pode elevar as restrições à flexibilização da política monetária. Muitos analistas esperam que a inflação ao consumidor suba e ultrapasse os 3%, meta anual para o indicador, nos próximos meses, mas o nível médio do ano inteiro ainda deve permanecer dentro da meta.
Tradução de Marcelo Azevedo
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