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Fabricante de motor desiste do projeto do novo Concorde

Rolls-Royce diz que supersônico não é prioridade, lançando dúvida sobre o Boom Overture

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São Paulo

A fabricante britânica de motores aeronáuticos Rolls-Royce, a segunda maior do mundo após a americana GE, desistiu de participar do projeto do novo avião comercial supersônico Overture.

O anúncio é um balde de água fria algo previsível para a start-up americana Boom, que a partir de 2016 desenhou o primeiro modelo do tipo desde o franco-britânico Concorde, que saiu de operação há 19 anos.

Imagem digital do Boom Overture, novo supersônico que está sendo desenvolvido nos EUA - Divulgação

"Após cuidadosa consideração, a Rolls-Royce determinou que o mercado de aviação comercial supersônica não é atualmente uma prioridade. Foi um prazer trabalhar com o time da Boom", afirmou a companhia na nota, revelada pelo site Aviation International News.

O Boom Overture tem causado agitação e ceticismo no mercado aeronáutico. Diferentemente do procedimento usual de grandes fabricantes como a Boeing e a Airbus, que ofertam produtos elaborados, a start-up apresentou uma ideia e aí foi atrás de parceiros para executá-la.

A empresa afirma que é possível retomar os voos supersônicos devido à aplicação de novas tecnologias para tornar os motores mais eficientes, ecologicamente corretos e menos barulhentos, dois dos pregos definitivos do caixão do projeto do Concorde —que ainda passou pelo infortúnio de um acidente fatal em 2000, três anos antes de ser aposentado.

O ponto mais vulnerável da Boom sempre foi o motor para usar no Overture. Desde o Concorde, desenhado entre 1965 e 1976, não houve interesse em desenvolver novas turbinas e outros componentes desses motores fora da aviação militar.

Com um bom empurrão inicial, levantando US$ 250 milhões (R$ 1,27 bilhão hoje) até o ano passado, a Boom atraiu a Rolls-Royce para sua empreitada. Mas declarações da empresa britânica, nos últimos meses, davam a entender o desencanto com o projeto, estimado em até US$ 8 bilhões (R$ 41 bilhões).

A Boom foi em frente e convenceu duas gigantes americanas, a United e a American Airlines, a encomendar 35 unidades do avião. O anúncio da American, feito no mês passado, foi visto como a prova da viabilidade do conceito, assim como a parceria feita com a Força Aérea dos EUA para uma versão de transporte VIP do avião.

Por outro lado, as dúvidas sobre o motor seguiam. Analistas de mercado não acreditam no cronograma apresentado pela Boom, de ter o avião voando em testes em 2026 e em operação comercial, em 2029.

O presidente da start-up, Blake Scholl, por sua vez diz que terá uma solução para o problema ainda neste ano. No seu plano, o Overture voará a até 1,7 vezes a velocidade do som (pouco mais de 2.000 km/h), encurtando uma viagem Londres-Nova York de 6h30min para 3h30.

A empresa fez pouco caso público do anúncio da Rolls. "Ficou claro que o desenho proposto pela Rolls e o modelo de negócios tradicional não são as melhores opções para os futuros clientes do Overture", afirmou a Boom.

A Rolls, por sua vez, ainda enfrenta os efeitos da crise da pandemia sobre o mercado de aviação e problemas com seu motor Trent-1000, usado pelos aviões americanos Boeing-787.

O mercado de fabricação de motores de avião é dominado pela Rolls, GE e a também americana Pratt & Whitney, que tem grande penetração no mercado militar. As duas últimas agora são as principais candidatas a parceiras da Boom, e tiveram más experiências recentes ao tentar desenvolver modelos supersônicos, todos abandonados.

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